O Irã não cederá às pressões dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU) para abandonar seu programa de desenvolvimento de um combustível nuclear, afirmou um importante clérigo do país na sexta-feira. Ahmad Khatami também disse a fiéis nas orações de sexta-feira realizadas em Teerã que qualquer país disposto a enfrentar o Irã lamentaria essa decisão "para sempre". A França, a Grã-Bretanha e a Alemanha, com o apoio dos EUA, elaboraram um projeto de resolução da ONU que exige a paralisação do programa nuclear. Esses países temem que o programa vise não apenas ao abastecimento de usinas nucleares, mas também à fabricação de bombas atômicas. O governo iraniano nega a acusação.
- Os EUA e o Conselho de Segurança (da ONU) podem ter certeza de que o Irã não é um país que retrocederá ao deparar-se com resoluções intimidadoras - disse Khatami.
O clérigo, que não tem parentesco com o ex-presidente liberal Mohammad Khatami, pertence à linha-dura do país e integra a Assembléia dos Especialistas, um órgão composto por 86 membros e encarregado de supervisionar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
- O Irã é uma parte estrategicamente importante da região. Fiquem certos de que a falta de segurança no Irã significa a falta de segurança no Oriente Médio, e a fumaça arderá em seus olhos também - acrescentou.
O país é o quarto maior exportador de petróleo do mundo e avisa, de tempos em tempos, que qualquer ataque contra os iranianos faria o preço do combustível atingir níveis que as economias desenvolvidas não poderiam suportar. O Irã ainda conta com uma posição militarmente privilegiada em relação a um dos principais pontos da rota mundial de escoamento do petróleo, o estreito de Hormuz. E Israel está ao alcance de seus mísseis balísticos. Diplomatas dos EUA e da União Européia (UE) esperam convencer a China e a Rússia (que também detêm poder de veto no Conselho de Segurança) a aceitar seu projeto de resolução.
O governo norte-americano disse preferir uma solução diplomática para a crise, mas não descartou a possibilidade de agir militarmente e disse estar disposto a entrar em ação sem a anuência do Conselho de Segurança a fim de impedir o Irã de conseguir uma bomba atômica.