Um importante relatório sobre a prática de crimes de guerra em Darfur (sul do Sudão) vem provocando um acirrado embate diplomático entre os EUA e a Europa a respeito de como punir os responsáveis pelo saques, estupros e massacres ocorridos na região.
Uma comissão formada pela Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o governo sudanês e as milícias ligadas a ele haviam cometido graves delitos, preparando o caminho para autoridades e rebeldes do país serem acusados como criminosos de guerra.
O relatório de 176 páginas afirmou, porém, que o governo do Sudão não tinha implementado uma política de genocídio contra a população não-árabe de Darfur, onde ao menos 70 mil pessoas morreram assassinadas ou doentes e outras 1,8 milhão tiveram de abandonar suas casas.
Por outro lado, segundo o documento, alguns indivíduos podem ter agido com "intenção de cometer genocídio", algo sobre o que apenas uma corte poderia se decidir. Essa corte, segundo a comissão, deveria ser o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia e criado para julgar pessoas acusadas de genocídio, crimes de guerra e abusos dos direitos humanos.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e os europeus querem que o Conselho de Segurança da entidade denuncie o Sudão ao TPI. O painel ainda elaborou uma lista não-divulgada com os nomes de suspeitos.
Mas o atual governo norte-americano opõe-se vigorosamente ao tribunal, citando temores de que a promotoria ligada ao órgão tente processar soldados dos EUA que atuam no exterior.
Os norte-americanos defendem a criação de um novo tribunal sob o comando da ONU e da União Africana (UA), na Tanzânia. Os EUA estariam também elaborando uma resolução para criar uma força de paz a ser enviada ao sul do Sudão.