Recusa de Serra e subida de Roseana fazem tucanos reunir executiva

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Publicado Segunda, 05 de Novembro de 2001 às 18:18, por: CdB

O PSDB reúne, nesta quarta-feira, sua executiva nacional, pressionado pela recusa do ministro da Saúde, José Serra (PSDB), em participar do programa eleitoral do partido, ao mesmo tempo em que a pré-candidata do PFL à sucessão presidencial, governadora Roseana Sarney (MA), bate na casa dos 20% de preferência do eleitorado na pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira. O crescimento da governadora aquece a polêmica em torno da decisão de expor ou não os pré-candidatos tucanos na corrida sucessória. "Ou mudamos nossa estratégia urgentemente, ou daqui a alguns dias estaremos discutindo quem é o vice da Roseana", cobra o governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), convidado nesta segunda pelo presidente do partido, deputado José Aníbal (SP), a comparecer ao encontro desta segunda à noite. O presidente da legenda partilha da angústia de Dante Oliveira e estendeu o convite aos governadores do PSDB para tentar obter respaldo à tese de que o programa do partido, que será exibido em horário nobre no rádio e na televisão, deve ser estrelado pelos presidenciáveis tucanos. Não é a primeira vez que o PSDB tenta resolver o dilema entre não expor seus candidatos e não acabar à reboque do PFL na corrida presidencial. A antecipação da campanha eleitoral já foi objeto da primeira reunião ampliada dos dirigentes tucanos, realizada no dia 5 de outubro em Goiânia. Desde então, explicitou-se a disputa interna entre os grupos que defendem as candidaturas de Serra e do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). Ao contrário de Serra, que teima em não se declarar candidato, embora suas pretensões sejam de conhecimento geral dentro da aliança governista, Tasso e o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, fazem questão de aparecer no programa eleitoral gratuito. O ministro da Saúde, porém, não quer nem ouvir falar de campanha, preferindo restringir suas aparições à propaganda institucional de sua área. Serra viaja nesta quarta-feira para o Catar, onde representará o Brasil na reunião de cúpula da Organização Mundial do Comércio (OMC) em defesa de uma leitura mais flexível do acordo internacional sobre propriedade intelectual. Serra coordenará o grupo de negociadores que vai tratar de mudar o acordo das patentes (o Trips), para liberar os países signatários quando estiver em jogo a adoção de medidas para defender a saúde pública de suas respectivas populações. A idéia é aproveitar a posição do governo dos Estados Unidos, que ameaçou produzir genéricos do medicamento Cipro, usado para combater infecção causada pela bactéria do antraz, para forçar o fabricante a aumentar a oferta e baixar os preços. Mas a viagem de Serra não vai segurar o debate sucessório dentro do PSDB que, além do programa de 20 minutos que vai ao ar no dia 15, tendo como grande estrela o presidente Fernando Henrique Cardoso, tem que resolver quem participará dos comerciais de 30 segundos que o PFL usou para lançar Roseana oficialmente na disputa. "Ficaram achando que a Roseana era um factóide e ela já esta se consolidando", desespera-se o governador Dante, que também quer entrar nas inserções do partido. O vice-presidente nacional do partido, deputado Alberto Goldman (SP), discorda. Embora admita que o crescimento da governadora engrossa o coro dos mais apressados, ele insiste em que o "timing" da definição é o ano que vem e que as pesquisas de hoje não terão utilidade nem validade até lá. "Pesquisa é fotografia de um momento que não se sustenta até o início da campanha, que só começa para valer a 45 dias da eleição", pondera Goldman. O próprio PFL reconhece que o resultado das pesquisas pode mudar no ano que vem, mas com a ressalva de que, seja em que tempo for, o desempenho do candidato é proporcional à sua exposição na mídia. É este o dilema do PSDB.

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