Radioatividade no Japão lança alerta sobre contaminação de alimentos

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Publicado Quinta, 24 de Março de 2011 às 02:35, por: CdB
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Autoridades dos Estados Unidos anunciaram  que iriam tornar mais rígidas as regras para a importação de alimentos vindos do Japão. Na Alemanha, o Departamento Federal de Proteção contra a Radioatividade (BfS, na sigla em alemão) calcula que as correntes de ar com partículas radioativas possam chegar à Europa Central nos próximos dias. As autoridades norte-americano de segurança alimentar explicaram em comunicado que leite e derivados, assim como frutas, verduras e legumes vindos de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma só poderiam entrar no país após medições de radioatividade. A França chamou a Comissão Europeia a um controle sistemático de todos os alimentos frescos vindos do Japão para a Europa. Ao mesmo tempo, disse que o país se opõe a um embargo absoluto de importações. Na Alemanha,  todos os alimentos de origem animal e vegetal que chegam ao Aeroporto de Frankfurt são examinados. De acordo com o agente de proteção contra radioatividade da Universidade do Sarre, Andreas Wöhr, os alimentos provenientes do Japão disponíveis atualmente nos mercados da Alemanha provavelmente vieram ao país antes do devastador terremoto. De qualquer forma, o Japão importa muito mais alimentos do que exporta, e o governo japonês proibiu a exportação de produtos agrícolas oriundos de dois municípios na região da usina nuclear danificada de Fukushima 1. O governador Naoto Kan ordenou a interrupção no fornecimento de brócolis e da verdura japonesa komatsuna (usada em saladas) da região de Fukushima, assim como de leite cru e salsinha do município de Ibaraki, como informou a agência de notícias Jiji. Kan também aconselhou evitar espinafre, brócolis e outros produtos. Na região de Fukushima 1 foram encontrados níveis elevados de radiação em 11 tipos de vegetais. O chefe da estação de monitoramento Schauinsland da BfS, Erich Wirth, disse que nos últimos dias teria sido medido um aumento no nível de radiação também na Califórnia e na Islândia. – E de lá não fica muito mais longe até a Europa Central, completou. A radiação seria, no entanto, muito, muito baixa.  Folhas largas do espinafre são mais suscetíveis a partículas radioativas Após o acidente nuclear em Fukushima, bebês e crianças pequenas em Tóquio não devem beber água da torneira, que estaria contaminada com iodo 131 em um nível de 210 becqueréis por litro. O iodo radioativo 131 é liberado em acidentes nucleares, explica Michael Welling, porta-voz do Instituto Johann Heinrich von Thünen, de Braunschweig, na Alemanha. O iodo 131 se acumula  da mesma forma que o iodo não radioativo 127,  na glândula tireoide. – Uma vez que o elemento radioativo está dentro do corpo, ele não tem mais barreiras para atacar as células, diz Welling. Por isso, dentro do corpo o elemento radioativo é mais nocivo do que fora dele. Entretanto, o iodo 131 não é muito estável, a cada oito dias o número de átomos cai pela metade (meia vida). Passadas cerca de três semanas, grande parte dos átomos já se decompôs. Ela indica a atividade de uma substância radioativa. Um becquerel (Bq) significa que, em um determinado material, decompõe-se um núcleo de átomo por segundo. Normalmente indica-se a quantidade de becqueréis por quilo ou litro. Na Alemanha, segundo o Departamento Federal de Defesa do Consumidor, é proibido comercializar leite ou alimentos infantis com mais de 370 becqueréis por litro. – Para todos os outros alimentos, como carne ou cogumelos, a quantidade máxima permitida é de 600 becqueréis por quilo. Os limites alemães são projetados de modo que as pessoas possam comer porções normais desses alimentos por tempo prolongado, explica Welling. Elementos radioativos como o iodo 131 ou o césio 137 estão, por exemplo, ligados a finíssimas partículas de pó. Com a chuva, o material radioativo liberado por um acidente nuclear deposita-se no solo ou na água. – Sob o aspecto químico, o césio 137 é semelhante ao potássio. Portanto, ao atingir o solo ou as raízes, o césio 137 chega até o metabolismo das células. E dali transfere-se para a vaca que come a grama, e através do leite chega aos seres humanos, explica Welling. A contaminação em seres humanos é medida em sievert (Sv, unidade de radiação emitida por 1 miligrama de rádio a 1 centímetro do alvo por 1 hora). Sob o ponto de vista da estatística, 45% das pessoas expostas a alta radioatividade desenvolvem câncer, diz Peter Jacob, diretor do Instituto de Proteção contra a Radioatividade do Centro Helmholtz, de Munique. Se estas 100 pessoas tiverem uma contaminação de 100 milisievert, a possibilidade de contrair câncer sobe em um caso, para 46%, explica. A exposição média na Alemanha, proveniente de fontes naturais, é de 2 milisievert por ano. Em exames médicos, como radiografias, recebe-se uma dose adicional de 2 milisievert, informa Michael Welling, do Instituto Johann Heinrich von Thünen.
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