Cerca de 45% das crianças brasileiras com menos de cinco anos de idade apresentam anemia causada por deficiência de ferro, segundo relatório divulgado pela Unicef nessa quarta-feira.
Esses índices são muito piores do que os apresentados por países latino-americanos como República Dominicana, El Salvador, Honduras e Guatemala.
Na região da América Latina e Caribe, o Haiti está em último lugar, com 66% de suas crianças anêmicas por falta de ferro.
Entitulado Deficiência de Vitaminas e Minerais (VM), o relatório estuda a situação de 80 países afetados por deficiência dessas propriedades, cobrindo cerca de 80% da população mundial.
Segundo o relatório, a falta dessas substâncias prejudica o desenvolvimento de milhões de mentes em todo o planeta, baixando os quoeficientes de inteligência.
1/3 da humanidade
Cerca de 87% das residências brasileiras utiliza sal iodado, índice ainda abaixo do apresentado por países como Uganda, Peru, China e Congo. Entre os latino-americanos e caribenhos, o Haiti também fica na última colocação.
O resultado é que 50 mil crianças brasileiras nascem anualmente com deficiências mentais causadas por falta de iodo,
“Essa é uma questão de atingir populações inteiras para protegê-las contra as conseqüências devastadoras da falta, mesmo que moderada, de vitaminas e minerais”, diz Carol Bellamy, diretora-executiva da Unicef.
Segundo a Unicef, esse problema seria responsável por impedir que um terço da humanidade atinja seu potencial físico e mental.
Alternativa barata
A deficiência de vitamina A, por exemplo, compromete o sistema imunológico de 40% a 60% das crianças em países em desenvolvimento.
A falta de ferro causaria a perda de 2% do PIB nos países mais afetados. As conseqüências desse problema seriam muito mais graves do que eram imaginadas há uma década. A boa notícia, segundo a Unicef, é que se trata de um problema cujas soluções seriam viáveis.
Seriam quatro as formas de atacar a questão. A adição de vitaminas e minerais a alimentos consumidos por uma considerável parcela da população. A iniciativa custaria poucos centavos de dólar por ano por pessoa.
Fornecer suplementos vitamínicos para grupos mais vulneráveis, em especial mulheres em estágio de amamentação e crianças. O custo disso também seria baixo.
Ensinar populações sobre os alimentos mais saudáveis, e em alguns casos, estimulá-las a cultivar esses alimentos.
O prosseguimento dos esforços para controlar doenças como malária e diarréia, que fazem o corpo perder vitaminas e minerais.
Esses foram os métodos que erradicaram o problema em nações desenvolvidas, e, segundo o Banco Mundial, “provavelmente nenhuma outra tecnologia hoje oferece uma oportunidade tão boa de melhorar vidas e acelerar o desenvolvimento a um custo tão baixo e um espaço de tempo tão curto”.