Professores criticam a falta de uma política de defesa Nacional

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Publicado Segunda, 05 de Abril de 2004 às 08:15, por: CdB

Os professores  Ronaldo Leão Correia e Franklim Trein fizeram parte da terceira mesa do segundo dia de debates do Simpósio Ontem, Hoje e Depois na Universidade Federal Fluminense, onde o tema tratado foi Estratégia e Política de Defesa: 1964 e 2004. Ambos analisaram a importância de uma defesa nacional efetiva.

- Não tínhamos política de defesa nacional, e não temos - criticou o professor Ronaldo, complementando em seguida que o Brasil peca por assinar tratados de não desenvolvimento de armas nucleares, minas e outras estratégias de guerra, não para pregar o desenvolvimento da violência, e sim para o país ter condições adequadas à situação internacional de defender sua nação.

Outras questões levantadas foram a formação acadêmica militar precária, a distância entre civis e militares e a ausência de lideranças no Brasil, que faz com que haja desinteresse e desinformação provocando o não desenvolvimento do país. O professor Fraklim lembrou da Alemanha, que esteve em situação calamitosa, teve sua economia e política esterilizada no pós-guerra, mas "se  reconstruiu porque teve conhecimento e Projeto Nacional". Ele afirmou que o golpe de 64 foi uma opção estratégica dentro do contexto da Guerra-Fria, onde os militares intervieram em um governo que não estava se alinhando aos padrões Norte-Americanos.

O pequeno número de pessoas presentes, apenas 7, não atrapalhou o desenvolvimento e o aprofundamento dos assuntos em questão, dando oportunidade até de uma inversão de papéis, quando o professor Franklim perguntou aos presentes quem saberia como a Alemanha conseguiu reerguer sua economia e sua política depois da segunda grande guerra. Ele mesmo afirmou que o baixo número de pessoas se deu pela baixa capacidade de mobilização por parte dos organizadores, que não puderam evitar que a data do Simpósio coincidisse com as férias dos alunos.

A questão externa na política de desenvolvimento

No último dia de palestra, no Salão Nobre do IFICS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais), os professores Antônio Celso Alves e Maurício Dias David falaram sobre as Relações Internacionais 1964-2004. "Em 64 havia o medo do vírus cubano", destacou o professor Maurício Dias, relembrando a forte reação conservadora interna por causa da insistência de Jânio Quadros em uma política externa independente, que o levou a ir à Cuba.

Os professores defenderam a política do sucessor de Jânio Quadros, João Goulart, que era consistente e a favor do país, e não contra os Estados Unidos. Política que é rompida com o golpe militar, e seguiu com total alinhamento aos norte-americanos. Nos anos atuais, depois da abertura política mundial, aderir à globalização foi uma saída dada como única aos países mais pobres, observaram eles.

A união dos países latino-americanos, com o Mercosul, foi frisado como saída estratégica, principalmente para a economia do Brasil e Argentina que se viam sem saídas para a crescente dependência com a América do Norte.

- O povo só mantém sua soberania quando o político, militar, econômico e cultural estão unidos. Quando algum desses fatores é desprivilegiado a "mesa da soberania" fica capenga, logo a sociedade tem pouca sustentação e se enfraquece. Hoje se dá maior ênfase para o econômico e político, esquecendo-se dos outros dois pontos importantes - afirmou o professor Ronaldo Leão Correia

Ele também falou sobre as defesas militares do país:

- Não estamos com um quinto do efetivo militar, e em equipamentos não chegamos a 5% do necessário. Estamos sem defesas - afirmou o professor.

Ele frisa que não chegamos perto da capacidade militar da Índia, e que "sem soberania não há liberdade e nem democracia.

- Não há escravo próspero - concluiu.

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