Professor realiza autópsia pública em Londres

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Publicado Quinta, 21 de Novembro de 2002 às 17:06, por: CdB

O professor Gunther von Hagens, criador da exposição de corpos plastinados Body Worlds, realizou a autópsia pública na noite de quarta-feira, mesmo com a proibição das autoridades de saúde britânicas. O governo britânico havia informado que von Hagens seria indiciado criminalmente e preso durante sua apresentação, pois ele não tinha a licença necessária para realizar o procedimento. Mas isso acabou não ocorrendo. Em um discurso ao público em frente à galeria onde ocorreu a autópsia, o médico afirmou que não tinha medo de ser preso. "Eu já passei dois anos na prisão por ter protestado contra a invasão do exército russo à antiga Tchecoslováquia. Mas não vão ocorrer prisões hoje. Este é o momento do conhecimento médico deixar de ser exclusivo da elite. Os patologistas devem abrir suas portas para o público", afirmou. Polêmica Gunther Von Hagens é o responsável pela exposição Body Worlds, uma mostra de corpos dissecados que passaram por uma espécie de plastificação, processo que o professor chama de plastinação. A exibição está em cartaz até fevereiro de 2003 em uma galeria no leste de Londres. Apesar da polêmica causada pela exibição de corpos dissecados, a exposição atraiu mais de 500 mil pessoas. O professor Gunther von Hagens decidiu fazer a autópsia pública, que ele chamou de "autópsia evento" para popularizar este tipo de conhecimento para o público. Foi a primeira autópsia pública dos últimos 170 anos na Grã-Bretanha. Depois do discurso em frente à galeria, o professor chamou o público para a sala de autópsia e iniciou o procedimento. O auditório, com capacidade para 500 pessoas estava lotado. Além do público, que pagou 12 libras para assistir (cerca de R$ 66), também estavam presentes jornalistas de vários países e a equipe do canal de televisão Channel 4, que conseguiu os direitos de transmissão do evento. Além de dois assistentes, também estavam presentes à autópsia pública, professores de anatomia britânicos, que compareceram à pedido da Scotland Yard - a polícia britânica. A polícia queria verificar se os procedimentos de von Hagens implicavam alguma infração legal. Também acompanharam o procedimento o histopatologista do Hospital de Roterdã, John Lee, e o professor Klaus Kayser, da Universidade de Heidelberg. A autopsia O professor Gunther von Hagens fez a autópsia em um homem alemão de 72 anos de idade. Ele era um empresário que perdeu o emprego aos 50 anos. Desde então, a relação dele com a família ficou abalada, ele começou a beber e fumava muito, cerca de quatro maços de cigarro por dia. O próprio homem concordou em doar seu corpo para ciência e a família permitiu o uso do corpo dele. Na primeira parte da autópsia, o professor von Hagens abriu o corpo e retirou os órgãos. Enquanto retirava os órgãos - alguns com dificuldade - o professor explicava o procedimento ao público e respondia às perguntas dos espectadores. Depois de uma pausa de meia hora, o professor iniciou a segunda parte da autópsia, o exame dos órgãos. Um dos assistentes do professor, ocasionalmente, levava um dos órgãos em um bandeja para ser examinado pelo público. O professor cortou o cérebro em seis fatias e depois iniciou o exame dos dois órgãos que, aparentemente, estavam mais prejudicados - o coração e o pulmão. O coração estava maior do que o normal e o pulmão apresentava sinais de uma infecção crônica, que poderia ser tuberculose. O objetivo da autópsia, descobrir a exata causa da morte do homem, não foi alcançado na noite de quarta-feira. Os médicos presentes afirmam que o homem provavelmente morreu devido à problemas do coração e do pulmão, causados, provavelmente pelo cigarro e pela bebida. "Nós vamos agora enviar os órgãos para a Universidade de Heidelberg e, depois dos exames dos órgãos, nós vamos divulgar a causa da morte", disse o professor. O homem vai passar pelo processo de plastinação e vai fazer parte da exposição Body Worlds. Mesmo sem

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