Os sindicatos e os partidos de esquerda criticaram duramente nesta segunda-feira a condenação e prisão do líder do movimento antiglobalização José Bové. O governo francês afirma ter cumprido a lei.
– Um tribunal ditou uma sentença e ele, que foi condenado, foi detido como solicitaram os juízes. Qual é o problema e qual é o escândalo? – perguntou o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, em meio às críticas contra a espetacular operação policial de domingo para prender Bové.
“Seria ilegal se o governo não cumprisse uma decisão emitida por um juiz”, acrescentou o ministro, em resposta à indignação dos sindicatos e da oposição, que denunciaram “os meios espetaculares”, incluindo um helicóptero, utilizados para prender Bové em sua fazenda, perto de Millau.
A justiça francesa havia condenado Bové no ano passado a cumprir uma pena de dez meses de prisão por ter destruído plantações de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
O primeiro-secretário do Partido Socialista, François Hollande, expressou pessoalmente sua “solidariedade” aos militantes do sindicato agrícola de Bové, a Confederação Camponesa, que protestavam contra a prisão de seu líder.
– Bové foi detido em condições inverossímeis, alucinantes e inaceitáveis – declarou o líder socialista.
Os sindicatos também se mobilizaram para exigir a libertação de Bové e denunciar a política de repressão sindical do governo do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
Com a destruição de cultivos transgênicos, Bové “praticou uma operação sindical sem violência para alertar a opinião pública sobre o perigo dos OGM”, declarou Brigitte Allain, porta-voz da Confederação Camponesa.
Por outro lado, o porta-voz da União pela Maioria Presidencial (UMP), Renaud Donnedieu de Vabres, deu a entender que o presidente Jacques Chirac poderia indultar Bové no feriado nacional de 14 de julho.
Segundo o jornal Le Monde, “o governo quis demonstrar força política com a prisão de Bové” e ofereceu à oposição “a possibilidade de dar um novo impulso à mobilização que havia perdido força nas últimas semanas contra o projeto de reforma da previdência”.