Premiê do Hamas deixa o poder em troca de ajuda humanitária

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Publicado Sexta, 10 de Novembro de 2006 às 11:01, por: CdB

O premiê palestino, Ismail Haniye, representante do grupo islâmico Hamas, disse nesta sexta-feira que ele deixa o cargo se esta atitude representar o fim do embargo e das sanções impostas ao país pelo Ocidente, desde que o Hamas assumiu o poder.

- Quando a questão do bloqueio (da aluda) está de um lado, e eu ser o premier, está do outro, deixe o bloqueio ser encerrado para acabar com o sofrimento do povo palestino - disse, em referência ao boicote à ajuda internacional que devastou a economia palestina.

Suas declarações parecem ser outra indicação de que o Hamas e o partido rival Fatah, do presidente Mahmoud Abbas se aproximam da formação de um governo unificado composto por experts independentes - acredita-se que a coalizão apresentaria uma face mais moderada à comunidade internacional. Haniye, líder do Hamas, disse aos que estavam em uma mesquita em Gaza que o Ocidente o quer fora do governo.

Na quinta-feira, Abbas falou por telefone com seu principal rival político, o líder supremo do Hamas, Khaled Mashhal, a primeira conversa em meses. O porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum disse que sua discussão era uma prova de que os dois estão agora em acordo sobre o formato do novo governo. No entanto, negociações que se estenderam por semanas falharam repetidas vezes, e uma nova retomada nas conversas pareceu possível.

O Ocidente e Israel têm retido centenas de milhões de dólares em ajuda e impostos recolhidos desde que o Hamas tomou o poder em março, em um esforço para pressionar o grupo a moderar sua violenta ideologia anti-Israel. As sanções impediram o Hamas de pagar uma grande parte dos salários de 165 mil funcionários do governo, causando um sofrimento generalizado na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

A comunidade internacional, inclusive os EUA, têm dito que não irão suspender as sanções a menos que o Hamas reconheça o Estado de Israel, renuncie à violência e aceite acordos de paz já firmados, o que o Hamas tem se recusado a fazer. O programa do novo governo unificado proposto é vago na questão-chave do reconhecimento de Israel.

Ainda na quinta-feira, o premier de Israel, Ehud Olmert demonstrou arrependimento pelo ataque do Exército à cidade de Beit Hanoun, na quarta-feira, que resultou na morte de 19 civis, na maioria mulheres e crianças, e pediu por uma renovação imediata do contato entre ele e Abbas. Ao mesmo tempo, no entanto, olmert afirmou que o exército continuaria a mirar em esquadrões de lançadores de mísseis em Gaza, apesar do risco de acertar civis.

O número de mortos do ataque a Beit Hanoun aumentou para 19 após funcionários de hospital israelense confirmarem que um dos feridos morreu. O ministro da Defesa Amir Peretz ordenou aos militares que "reavaliem sua política de artilharia em Gaza", segundo declaração de seu ministério.

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