Apesar de ter elogiado a disposição brasileira de dar vantagens ao Paraguai e ao Uruguai, a imprensa paraguaia reclamou da postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cúpula do Mercosul.
Lula era o presidente mais aguardado no país, uma espécie de estrela do evento.
Mas os três jornais paraguaios que cobriram a reunião criticaram a consistente recusa do presidente brasileiro em falar com a imprensa.
Também houve críticas ao forte esquema de segurança que o cercava, em absoluto contraste com a segurança dos outros presidentes.
Itaipu
Lula só falou na entrevista coletiva oficial de encerramento – e desconversou numa pergunta sobre a dívida do Paraguai com a Eletrobrás por causa de Itaipu.
O jornal La Nación diz que Lula “não honrou” a fama de carismático que tinha no país.
Na chegada à cidade, ele foi recebido com saudações carinhosas dos jornalistas paraguaios e estrangeiros que o esperavam no aeroporto e não ouviram uma palavra sua.
O La Nación criticou também o discurso de Lula durante a reunião, considerando-o “impessoal, típico do Itamaraty”.
Em outro texto, o jornal destaca a participação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que não se negou a falar com os jornalistas sempre que foi solicitado e “ganhou por corpos de outro grande esperado, Lula da Silva”.
A falta de resposta direta do presidente brasileiro quando foi questionado sobre a renegociação de uma dívida de US$ 4,2 milhões da Itaipu também foi destaque, nos jornais Última Hora e Notícias.
Lula limitou-se a dizer que Itaipu “era um exemplo de sucesso num empreendimento conjunto entre os dois países”.
Os paraguaios estavam ansiosos para saber a opinião do novo presidente brasileiro sobre a renegociação da dívida.
Ela vem sendo questionada porque teria sido contraída quando a empresa vendia energia elétrica abaixo do custo de produção para o Brasil.
Repetindo o discurso, o Última Hora diz que é muito bom que Brasil e Argentina estejam dispostos a ajudar os dois países menores do bloco, mas que isso “não é nenhum favor porque eles fazem isso em seu próprio interesse”.