Poetas, rebeldes e imortais

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Publicado Quinta, 03 de Fevereiro de 2005 às 08:02, por: CdB

A conturbada trajetória de Jim Morrison, líder dos Doors, no final dos anos 60 e início dos anos 70 já rendeu diversos tributos. Alguns livros já foram escritos, um filme foi produzido (The Doors, dirigido por Oliver Stone), mas ainda assim Morrison continua meio indecifrável. Quem era afinal esse ícone da contracultura? Um rock-star? Um poeta? Apenas mais um rosto bonito com um forte apelo sexual?
 
A editora Campus lança Rimbaud e Jim Morrison - os poetas rebeldes, obra contundente escrita por Wallace Fowlie. E o leitor pode perguntar: o que, a essa altura do campeonato, a comparação com o poeta francês pode vir a esclarecer alguma coisa sobre Morrison? Pois bem, as portas continuam fechadas, por se tratar de uma lenda e as lendas sempre estarem envoltas de mistérios. Mas pelo menos as janelas podem ter sido corriqueiramente abertas.
 
As características comuns aos dois mitos são bastante claras: o rompimento com a identidade, buscando sempre se conhecer e se desvencilhar de sua imagem já estabelecida; a maturidade artística precoce; a insatisfação com o entendimento equivocado sobre sua obra e suas convicções; e a análise do homem e das questões que os afligem (um exemplo básico foi a guerra: Rimbaud falava sobre a guerra da Argélia e Morrison refletia sobre o Vietnã). Ambos foram de gerações distintas e mesmo assim carregavam a mesma carga de dramas e questionamentos. Ambos faleceram na carne mas permaneceram na alma. 
 
Muito se passou desde o falecimento de Rimbaud, o que faz com que não esteja tão acessível para as novas gerações como Morrison. E é por aí que deve ser lida a obra de Fowlie, a partir de Jim. Como o líder dos Doors era fã de Rimbaud e de sua poesia, o leitor (o jovem, principalmente) vai identificar muito das letras e poemas de Jim nos escritos do poeta francês. E Fowlie não está tão aéreo a essa história. Ela participa de forma incisiva nessa formação intelectual de Morrison. O cantor mandou uma carta para ele, nos idos anos 60, agradecendo por sua tradução dos poemas de Rimbaud (até então a primeira nos EUA). Ou seja, não é exagero afirmar que o próprio Fowlie é parte importante da inspiração de Morrison e que seu livro é uma importante peça do quebra-cabeça morrisiano.

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