Pinochet chega aos 90 anos de idade em prisão domiciliar

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Publicado Sexta, 25 de Novembro de 2005 às 10:28, por: CdB

O ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet, completou 90 anos nesta sexta-feira, em prisão domiciliar, depois de ser formalmente acusado do desaparecimento de quatro opositores durante o regime militar e de quatro crimes relacionados a sua fortuna secreta no exterior. A nova ordem de prisão domiciliar foi divulgada apenas horas depois de outra corte de Justiça ter autorizado a libertação, sob fiança, de Pinochet de outra ordem de prisão domiciliar. Seus advogados haviam concordado em pagar uma fiança de US$ 11,5 mil (o equivalente a cerca de R$ 25,7 mil) por dia.

A família do ex-ditador do Chile,  Augusto Pinochet cancelou as celebrações do aniversário. Segundo o jornal chileno "La Tercera", a celebração dos 90 anos de Pinochet começaria com uma missa na casa dele. Em seguida, haveria um almoço para parentes. Pinochet tem cinco filhos, as irmãs, uns 30 netos e uma dezena de bisnetos. Também eram esperados ex-ministros e colaboradores. O diário conta que, depois de Pinochet ter sido notificado, sua mulher, Lucía Hiriart, conversou com alguns dos filhos e a família decidiu pelo cancelamento da festa. Num comunicado à imprensa, ela atribuiu a decisão "aos efeitos naturais disso (o processo e a prisão domiciliar) sobre o estado de saúde" do marido. Não há relatos, porém, de que os problemas de saúde de Pinochet tenham se agravado nesta semana por causa dos processos

A Justiça ordenou que o general Augusto Pinochet fosse colocado novamente em prisão domiciliar, desta vez devido ao processo relativo ao desaparecimento de dissidentes políticos durante o governo da junta militar chefiada pelo general no Chile, entre 1973 e 1990.
O juiz Victor Montiglio acusou formalmente Pinochet nesta quinta-feira pelo suposto envolvimento no desaparecimento de dissidentes, parte de um caso de abuso de direitos humanos no Chile. Ao todo são 119 desaparecidos na chamada Operação Condor em 1975.
Na quarta-feira Pinochet foi colocado em prisão domiciliar acusado de evasão fiscal e fraudes, relativas a contas bancárias secretas no exterior. O juiz Carlos Cerda acusa Pinochet de depositar uma quantia estimada em US$ 27 milhões de dólares (o equivalente a cerca de R$ 60,4 milhões) em contas secretas no exterior, registradas sob nomes falsos.

Os advogados não apenas obtiveram a liberação do general, como também conseguiram reduzir pela metade o valor inicial da fiança, definido em US$ 23 mil. O general também é acusado de falsificar documentos e passaportes para ajudá-lo a abrir contas em mais de 100 bancos no exterior e de omitir bens em sua declaração de renda. Investigações iniciais tinham detectado fundos secretos do general no banco Riggs nos Estados Unidos. Cerda ordenou a prisão de Pinochet depois de questioná-lo três vezes nas duas últimas semanas sobre as acusações de falsificação e evasão fiscal. De acordo com a sentença de Cerda, o general chileno evadiu o equivalente a US$ 2,4 milhões em recursos de impostos entre 1980 e 2004.

Em um inquérito separado, Pinochet enfrenta acusações ligadas à Operação Colombo, quando 119 ativistas do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionário) desapareceram em 1975 enquanto estavam sob a custódia do Estado. A Justiça tem tentado julgar o general Pinochet por outras acusações de abusos contra os direitos humanos durante o período em que chefiou a junta militar que governou o Chile entre 1973 e 1990. Porém, ele tem sido considerado inapto para comparecer aos julgamentos sob a alegação de que sua saúde está muito frágil. Agora, entretanto, os médicos dizem que Pinochet está apto a comparecer aos tribunais.

Mais de 3 mil pessoas morreram por causa da violência política no Chile durante o regime militar, segundo conclusão de um inquérito oficial. O general teve anulada sua imunidade como ex-chefe de Estado, o que permitiu à Justiça formalizar uma série de acusações contra ele.

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