Pesquisas indicam que Lula vencerá as eleições com grande margem

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Publicado Sábado, 26 de Outubro de 2002 às 21:02, por: CdB

Em um segundo turno decisivo das eleições presidenciais brasileiras no domingo, todos os sinais indicam que Luiz Inácio "Lula" da Silva, o candidato do esquerdista Partido dos Trabalhadores, vencerá com facilidade. Três pesquisas, feitas antes do debate televisivo que encerrou a campanha na sexta-feira à noite, mostra que Lula deve ter a maior vitória da história brasileira. Se as previsões estiverem corretas, Lula, um ex- metalúrgico e ex-líder sindical, deve ganhar com uma grande margem, com 30 milhões de votos a mais que seu oponente, José Serra, do centrista Partido Social Democrata Brasileiro. Sob a lei brasileira, um segundo turno é necessário quando nenhum candidato consegue alcançar maioria absoluta em uma eleição. No primeiro turno em 6 de outubro, Lula obteve 46% dos votos, comparado com 23% de Serra, cujo partido está no poder há oito anos, e cerca de 30% votou nos outros dois candidatos, que agora apóiam Lula. Com números tão fortes a seu favor, Lula ignorou Serra durante a segunda fase da campanha. Ele viajou pelo país fazendo campanha junto com candidatos ao governo do seu partido de diversos estados, esperando que sua boa votação possa também eleger seus parceiros nos estados. Apesar do panorama desalentador, Serra foi ao ataque no debate de sexta-feira. Ele acusou Lula, que perdeu as últimas três eleições presidenciais, de prometer mais do que pode fazer e de ser vago em seus projetos. Ele também atribuiu a subida do dólar neste ano à "incerteza pré-eleitoral sobre o que acontecerá depois de 1º de janeiro", quando o próximo presidente toma posse. Durante toda campanha, Serra sugeriu que o Brasil terá um colapso econômico como na Argentina e instabilidade política como na Venezuela se Lula for eleito. Mas o presidente Fernando Henrique Cardoso, que indicou Serra como o candidato do governo, questionou essa atitude com declarações para acalmar os investidores internacionais. "Os brasileiros são pessoas jovens que não têm medo do novo e que continuarão a acreditar no Brasil", disse Cardoso na quinta-feira. "Todos nós venceremos, independente do ganhador das eleições". O debate televisivo, que acabou à 0h de sexta-feira, era esperado como o ponto alto de uma campanha apática. Mas as expectativas não foram alcançadas porque os candidatos não podiam fazer perguntas um a outro, respondendo somente questionamentos de eleitores indecisos. "Nunca houve uma campanha como essa, definida tão cedo e com uma ampla margem", disse o colunista Villas-Boas Correa do Jornal do Brasil. "De forma inevitável, a campanha terminou antes, obedecendo a melancolia do calendário, um prisioneiro da rotina, perdendo seu charme". Serra, um economista de 60 anos e ex-ministro, apostou nos debates para mostrar que o candidato favorito estaria despreparado para governar. Mas Lula, dizendo que ele "não era obrigado a pisar em cascas de banana que o adversário coloca", frustrou os planos de Serra e só foi a um debate.

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