Para analista, incerteza prolongada mantém mercado de trabalho estável

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Publicado Quarta, 27 de Junho de 2012 às 06:25, por: CdB
Para analista, incerteza prolongada mantém mercado de trabalho estável

Trabalhador não tem procurado emprego por não ver sinalização de vagas disponíveis, enquanto empresário mostra insegurança pela situação da economia

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Publicado em 27/06/2012, 12:15

Última atualização às 12:17

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São Paulo – Omercado de trabalho atravessa momento de certa estabilidade pelacautela dos dois grupos que a compõem, observa o coordenador deanálise da Fundação Seade, de São Paulo, Alexandre Loloian. De umlado, o trabalhador tem deixado de buscar emprego por não versinalização clara de que há vagas disponíveis. De outro, oempregador se mostra inseguro com as incertezas da economia e nãocontrata – mas também não demite. “As incertezas estão seprolongando”, afirma.

Para o analista, aspolíticas oficiais voltadas para o crédito e o consumo não mostrammais tanta eficácia. “Essa receita aparentemente não está tendoo mesmo impacto, a mesma resposta rápida de outros períodos”, dizLoloian, que vê “certo esgotamento” na capacidade deendividamento das famílias. Além disso, a economia externa tambémsinaliza insegurança. Essas e outras variações se refletem emcerta estagnação do mercado de trabalho.

Um dos sinais dessamenor dinâmica está na falta de crescimento da populaçãoeconomicamente ativa (PEA), que segundo Loloian já deveria mostrarexpansão neste período do ano. De abril para maio, a PEA recuou0,2% na região metropolitana de São Paulo, segundo a pesquisaSeade/Dieese divulgada hoje (27). A ocupação também praticamentequase não variou (0,1%).

O pesquisador tambémvê mudanças na “cultura” dos empresários, abandonando ocomportamento “selvagem” de demitir ao primeiro sinal daoscilação do mercado. “Nitidamente, eles estão tendo umcomportamento mais cauteloso na hora de demitir. Em um período maisrecente, não tenho dúvida de que estaríamos em um processo fortede demissão. Isso está sendo reduzido por causa um mercado detrabalho menos favorável em termos de disponibilidade de mão deobra qualificada.” E as famílias também respondem a isso,acrescenta: “Elas não vão para o mercado de trabalho quando veemque não há oferta”.

Ele também fazressalvas a políticas de governo de estímulo a determinados setoresda economia, vendo uma “obsessão curto-prazista de garantircrescimento a todo custo” e falta de visão de longo prazo. “Sintofalta de políticas industriais mais abrangentes, consistentes ecoerentes, de uma visão estratégica do que nós queremos para opaís”, afirma. “Os 'pacotinhos' são importantes, mas acho queperdemos tempo e energia nesse 'curto-prazismo'.”  

Segundo a pesquisa, a taxa média de desemprego nas sete áreas pesquisadas (seis regiões metropolitanas e o Distrito Federal) teve leve recuo de abril para maio, de 10,8% para 10,6%. Na Grande São Paulo, a taxa passou de 11,2% para 10,9%. O total de desempregados é estimado em 2,382 milhões, sendo 1,183 milhão em São Paulo.

 

 

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