O Papa, João Paulo II, inicia nesta quinta-feira sua centésima viagem internacional, com uma nova visita à Croácia, país balcânico cujos "sofrimentos dos católicos croatas na época da perseguição religiosa". Falando diante de 20.000 fiéis reunidos na praça São Pedro, o Pontífice disse que o objetivo de sua terceira viagem à Croácia é "confirmar a fé dos católicos, que na época da perseguição religiosa permaneceram fiéis a Cristo, e que não têm medo de enfrentar os desafios do momento para continuar anunciando-o com coragem". - Nesta quinta-feira, preparo-me para cumprir com uma grande esperança minha terceira viagem à Croácia, terra marcada pelo testemunho de intrépidos discípulos do Evangelho - afirmou o Papa. O momento mais emocionante da visita, que se prolongará até 9 de junho e durante a qual se prevê que um total de 500 mil pessoas assistam às cerimônias, será a beatificação da religiosa Maria Petkovic, dia 6 de junho no porto de Dubrovnik. Especialistas em assuntos do Vaticano indicaram em Roma que as perspectivas desta terceira visita do Papa à Croácia, ao que parece, são duas: por um lado, o papel do país na Europa e, por outro, a proposta da centralidade da família, lema da viagem. A beatificação, na sexta-feira, da freira Maria Petkovic permitirá destacar um modelo de pessoa aberta à solidariedade e ao caminho ecumênico. João Paulo II convidou os fiéis a acompanhá-lo em oração nesta nova visita pastoral ao país que integrou a ex-República Iugoslávia e onde já esteve em duas ocasiões em 1991, ano da independência local. O Pontífice confiou esta centésima viagem apostólica de seu pontificado à Virgem, muito venerada na Croácia. "Que ela guie meus passos e possa obter para o público croata uma renovada primavera de fé e de progresso civil", disse. Na véspera da partida para um giro que se anuncia intenso pela quantidade de compromissos e pelas distâncias a serem percorridas - sempre de avião - o Papa, de 83 anos, se encontrava um pouco cansado esta manhã. Com sua nova viagem à Croácia, João Paulo II confirma a importância que atribui a essa terra, fronteira da região balcânica de maioria católica, que já visitou em 1994 e 1998, que considera muito próxima da Polônia por sua extensa tradição católica e porque sofreu a opressão do comunismo. O Pontífice, definido como "protetor da Croácia" pelo então presidente Franjo Tudjman, regressa à república da ex-Iugoslávia, cercada ao leste e ao sul por uma Europa ortodoxa e islâmica. Entre 5 e 9 de junho o Papa visitará cinco grandes cidades, percorrendo milhares de quilômetros de avião para retornar todas as noites a Rijeka, na costa adriática, onde ficará alojado. Analisando todas as visitas à Croácia, especialistas no Vaticano assinalam que a primeira, em 1994, serviu para apoiar um povo que estava combatendo em uma guerra para sua sobrevivência; na segunda vez, quis consolidar a vitória da Croácia tanto na fé como na evolução democrática. A terceira poderia ser marcada pelas expectativas que o Papa tem em um país com forte conotação católica que se prepara para fazer parte da União Européia. O Vaticano, por outro lado, sempre teve uma atenção particular por essas populações: com três visitas, a Croácia ocupa o segundo lugar das viagens papais aos países da Europa centro-oriental, atrás da Polônia. Em 1991, quando a dissolução da Iugoslávia parecia inevitável, a Santa Sé tentou convencer os países da Conferência para a Cooperação e a Segurança na Europa (CSCE) a proceder a um reconhecimento "concordado" da Croácia e Eslovênia. Após o fracasso da tentativa multilateral, em 13 de janeiro de 1992, o Vaticano a reconheceu unilateralmente. Esse gesto provocou um endurecimento das relações com os ortodoxos, apesar da tentativa de João Paulo II, desde o começo da crise iugoslava, de não dar um caráter religioso às tendências separatistas, tuteladas, como se dizia, somente em respeito às aspirações nacionais. Por
Rio de Janeiro, Sexta, 19 de Abril de 2024
Papa inicia centésima viagem
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Publicado Quarta, 04 de Junho de 2003 às 20:54, por: CdB
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