Palestinos querem encerrar fase de conflitos armados

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Publicado Sexta, 20 de Outubro de 2006 às 09:32, por: CdB

Facções palestinas em conflito prometeram, nesta sexta-feira, agir para acabar com a violência interna que aprofundou a crise política e provocou temores de uma guerra civil. Fawzi Barhoum, porta-voz do movimento islâmico Hamas, que está no governo, disse que autoridades de segurança do Egito mediaram um diálogo com a facção Fatah, do presidente Mahmoud Abbas.

- Estes esforços foram coroados por um acordo entre o Hamas e a Fatah para acabar com a tensão entre os dois lados e para colocar a situação de segurança sob controle - disse Barhoum.

O acordo aparece alguns dias depois de Abbas ter declarado que teria que tomar em breve uma decisão sobre o futuro do governo do Hamas. Abbas, moderado, sugeriu que poderia dissolver o governo, depois que os esforços para formar um gabinete de união fracassaram, devido à recusa do Hamas de amenizar sua posição em relação a Israel. Os palestinos esperavam que o governo de união levasse ao fim das sanções do Ocidente, impostas sobre o Hamas quando o grupo tomou posse, em março. As sanções são devido à recusa do grupo em reconhecer Israel e a renunciar à violência. O objetivo do Hamas é destruir o Estado judaico.

O encontro em Gaza foi a primeira reunião de alto escalão em semanas reunindo as duas facções dominantes entre os palestinos. A luta pelo poder entre elas provocou conflitos neste mês que mataram 19 pessoas. O porta-voz da Fatah Tawfiq Abu Khoussa disse que os dois grupos endossaram o diálogo como a única maneira de diminuir as diferenças.

Acordos anteriores neste ano foram rompidos rapidamente.

Ameaça de golpe

Barhoum disse que será formado um gabinete conjunto para gerenciar crises que possam terminar em violência. Autoridades disseram que o grupo pode ser estabelecido já nesta sexta-feira. A luta interna é a pior desde a criação da Autoridade Palestina, em 1994, seguindo os acordos interinos de paz com Israel. O Hamas assumiu o poder depois de uma vitória de surpresa sobre a Fatah nas eleições parlamentares de janeiro.

Na quinta-feira, Abbas disse que o governo palestino precisa estar "comprometido com a lei árabe e internacional a fim de reverter o bloqueio imposto sobre o nosso povo e para aliviar seu sofrimento". Abbas não deu detalhes sobre suas opções para lidar com o governo, mas seus assessores disseram que ele pode convocar eleições, apontar um gabinete de emergência ou realizar um referendo para que o povo decida o que fazer.

O Hamas disse que vai considerar o referendo como um "golpe". Um dos principais assessores de Abbas disse à Reuters na quinta-feira que o presidente deverá tomar a decisão dias depois do feriado de Eid al-Fitr, que marca o fim do mês de jejum do Ramadã. O feriado será por volta do dia 23 de outubro.

Atentado

Primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, saiu ileso de um atentado nesta sexta-feira, quando saía de uma mesquita no centro da Faixa de Gaza, disseram testemunhas. Um grupo de atiradores disparou contra o comboio em que o primeiro-ministro viajava. Este é o primeiro atentado contra Haniyeh desde que assumiu a chefia do Governo, em março. O primeiro-ministro palestino vai às mesquitas de Gaza às sextas-feiras, onde costuma rezar e fazer discursos políticos.

Haniyeh havia declarado, nesta sexta-feira, a sua rejeição à convocação de eleições antecipadas, medida estudada pelo presidente palestino e líder do movimento opositor Fatah, Mahmoud Abbas. Os agentes que fazem a segurança do primeiro-ministro fizeram vários disparos para o ar após o ataque, a fim de permitir a evacuação da comitiva do chefe do Governo.

Fontes palestinas disseram que os agressores eram parentes de um militante do nacionalista Fatah que morreu nos recentes confrontos entre facções palestinas.

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