Palestinos estariam perto de um acordo para encerrar conflitos

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Publicado Segunda, 13 de Novembro de 2006 às 10:21, por: CdB

Facções palestinas rivais estariam perto de chegar a um acordo, nesta segunda-feira, sobre quem deve substituir o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, mas o candidato à vaga ainda precisa ser aprovado oficialmente pelo presidente Mahmoud Abbas, disseram autoridades daquele país. Negociadores do grupo islâmico Hamas e da facção Fatah afirmaram, em declarações dadas separadamente, que estavam perto de um acordo para colocar Mohammad Shbair, ex-presidente da Universidade Islâmica em Gaza, no lugar de Haniyeh.

- Estamos encarando uma nova era na qual todos vamos trabalhar juntos de modo a sermos capazes de proteger os legítimos direitos do povo palestino. Os próximos dias irão testemunhar a grande virada, e as responsabilidades sobre os líderes se tornarão enormes - disse o ex-primeiro-ministro Ahmed Qurie, uma importante autoridade da Fatah.

Shbair era o principal nome na disputa pelo cargo de premiê, mas a nomeação dele ainda precisava ser endossada por Abbas e não há certeza sobre se o Hamas aceitará o novo premiê enquanto não estiverem definidos os ocupantes dos outros cargos do governo de unidade nacional. Os palestinos esperam que um novo premiê e um governo de unidade convençam o Ocidente a retomar o envio de ajuda. Esse envio foi suspenso em março, depois de o Hamas, que defende a destruição de Israel, ter subido ao poder.

- Podemos dizer que a Fatah não fez nenhuma objeção. Mohammad Shbair é um candidato do Hamas e a Fatah não fez objeção. Então, há uma boa chance (de que ele seja nomeado) - afirmou Rudwan al-Akhras, um porta-voz da bancada parlamentar da Fatah.

Akhras acrescentou, porém, que Abbas, que deve viajar até a Jordânia para uma visita de dois dias a ser iniciada na segunda-feira, precisa ainda anunciar oficialmente a nomeação de Shbair. Uma importante autoridade palestina próxima do presidente disse que ele e o Hamas haviam concordado com a colocação de Shbair no cargo, mas que Abbas apenas se manifestaria oficialmente sobre o caso depois de seu regresso da Jordânia.

- Então, começarão a ser realizadas as consultas sobre a formação de um novo governo - disse a autoridade.

Apesar de ter sugerido o nome de Shbair, um cientista formado nos EUA e uma pessoa próxima do Hamas, mas que não o integra formalmente, o grupo recusou-se, por enquanto, a oficializar a candidatura dele.

- Não é muito adequado anunciar o nome do primeiro-ministro. O anúncio depende de algumas questões que estão sendo discutidas. Entre essas questões está a do nome do próximo primeiro-ministro. Quando todas essas questões tiverem sido resolvidas, e esperamos que isso aconteça em breve, seremos capazes de informar à população a formação do governo, o nome do premiê e a agenda do governo - disse à agência inglesa de notícias Reuters Fawzi Barhoum, um porta-voz do Hamas.

Akhras disse que ainda levaria cerca de até três semanas para anunciar a composição do novo governo. Os EUA e a União Européia (UE) consideram o Hamas um grupo terrorista e cortaram o envio de ajuda direta para o governo palestino controlado por ele. Como resultado, o governo palestino não consegue, desde abril, pagar os salários de seus 165 mil funcionários. Os dirigentes norte-americanos e europeus exigiram do Hamas que reconheça o direito de Israel de existir, que renuncie à violência e que aceite os acordos de paz já existentes.

Ainda não se sabe se a formação de um governo "técnico" sem vínculo formal com o Hamas convencerá as potências ocidentais a retomarem o envio de ajuda. Mas, segundo meios de comunicação israelenses, o nome de Shbair havia sido aprovado pelos EUA. Além da ajuda internacional, o Hamas deixou de receber também os impostos recolhidos por Israel em nome dos palestinos e que somam, mensalmente, cerca de 55 milhões de dólares. O Estado judaico passou a reter esses fundos. Não se sabe tampouco se essa verba seria liberada com a formação de um novo governo.

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