Oposição vence eleições na Argentina em ambiente de desânimo e desencanto

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Publicado Segunda, 15 de Outubro de 2001 às 10:48, por: CdB

A oposição argentina venceu as eleições parlamentares de domingo, marcadas pelo desencanto da população com a política, que se traduziu em centenas de milhares de votos brancos e nulos, segundo os primeiros resultados. Apurados 65% dos votos, os peronistas tinham uma enorme vantagem, de cerca de 20 pontos percentuais, na corrida ao Senado pela província de Buenos Aires, onde vive um terço da população. O ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (governo), sofreu uma dura derrota. Os votos brancos e nulos atingiram 23% na província de Buenos Aires. Em Santa Fe, terceiro maior colégio eleitoral argentino, eles superaram os 40%. Na cidade de Buenos Aires, tradicional reduto da UCR, o partido do governo vencia os peronistas por uma pequena margem, mas perdia para os brancos e nulos. Com os resultados, o Partido Justicialista (peronista) vai conquistar o controle da Câmara e manter o do Senado. O presidente Fernando de la Rúa sai dessas eleições ainda mais debilitado, após 22 meses de gestão marcada pela crise econômica. Ele fez um pronunciamento reconhecendo a "superioridade numérica" da oposição, mas assegurou que não vai mudar os rumos do governo, o que inclui manter um plano impopular para cortar salários de funcionários públicos e aposentadorias. Mas De la Rúa deve fazer reformas no seu ministério. "Sei do descontentamento e do mau humor. Não vou tapar os ouvidos. Sei das queixas contra minha gestão", afirmou o presidente, que tem apenas 16% de aprovação. Durante a campanha, o governo sofreu críticas de candidatos da própria UCR. A Frente País Solidário, de centro-esquerda, pode abandonar a aliança governista na fase pós-eleitoral. Os analistas acham que os peronistas não farão uma "oposição sanguinária" na Câmara, mesmo porque várias províncias comandadas por ele precisam de ajuda do governo federal. Desde 1999 os peronistas já vinham aprovando no Senado todas as leis consideradas essenciais pelo governo. "A Argentina atravessa o pior momento da sua história e, se esperamos dois anos (até as eleições presidenciais) para fazer alguma coisa, provavelmente não teremos mais país", disse Eduardo Duhalde, um dos principais nomes do peronismo e candidato a Senador pela província de Buenos Aires. "Temos que trabalhar para tirar o país do poço."

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