Oposição enfrenta exército em Caracas e uma pessoa se fere

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Publicado Domingo, 12 de Janeiro de 2003 às 22:09, por: CdB

Dezenas de milhares de opositores do Governo da Venezuela saíram às ruas de Caracas, neste domingo, após o presidente Hugo Chávez ameaçar assumir o controle de bancos privados e escolas paralisados pelas seis semanas de greve. Chávez, que argumenta que uma renúncia ao cargo e a convocação de eleições antes de agosto seriam inconstitucionais, prometeu tomar todas as medidas necessárias para combater a paralisação. Centenas de membros da Guarda Nacional e do batalhão de choque da Polícia Militar bloquearam com arame farpado e veículos blindados uma avenida que leva ao quartel-general das Forças Armadas, em Fuerte Tiuna, no sudoeste da cidade. Apitando e agitando bandeiras nacionais, os manifestantes dirigiram-se ao complexo militar numa repetição do protesto de 3 de janeiro que acabou em choque com simpatizantes do Governo, soldados e policiais. Naquele dia, dois manifestantes pró-governistas foram mortos a tiros e dezenas ficaram feridos. No sábado, Chávez chamou seus inimigos de "terroristas" e disse que seu Governo não se renderia à greve. O presidente advertiu seus oponentes que interviria em bancos e escolas fechados pela greve e demitiria diretores e funcionários que se recusassem a trabalhar. Enquanto seus oponentes realizavam a passeata neste domingo, Chávez começava seu programa semanal de rádio e televisão "Alô Presidente", chamando seus inimigos de "fascistas e golpistas". O presidente também ameaçou revogar as concessões de canais de televisão privados que fossem críticos veementes do Governo. A greve vem abalando a economia venezuelana, desvalorizando sua moeda, o bolivar, e se refletindo no mercado internacional do petróleo. A Venezuela é o quinto maior exportador do produto. Neste domingo, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu aumentar a produção a fim de combater a alta do óleo cru provocada pelo movimento na Venezuela e a ameaça de guerra contra o Iraque. Em seu discurso de sábado, Chávez disse que dois mil funcionários grevistas da petroleira estatal PDVSA foram demitidos. "Isso foi uma declaração de guerra. Chávez não está interessado no diálogo ou na reconciliação", declarou a artista Luz Marina Urrecheaga, que participou da manifestação deste domingo. "O que nós queremos são eleições, agora, e o direito de realizarmos uma passeata em paz", disse outra manifestante, a médica Carmen Granados. As forças de segurança também montaram um bloqueio a vários metros de distância para manter militantes pró-Governo afastados. "Nós faremos o máximo para evitar um enfrentamento", declarou o comandante da Polícia Militar, coronel José Montilla.

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