O relatório da Polícia Federal (PF) sobre a Operação Anaconda mostra a participação de 59 pessoas no esquema. A quadrilha agia em São Paulo praticando a extorsão de empresas, utilizando documentos falsos para manipular inquéritos e vendendo de sentenças judiciais.
De acordo com o jornal O Globo, o documento sigiloso indica que pelo menos mais uma dúzia de delegados e agentes da PF, empresários, funcionários de companhias telefônicas, policiais civis de São Paulo e um ex-deputado federal integram o grupo.
O relatório revela que a quadrilha possuía três níveis hierárquicos. No primeiro, 11 pessoas operavam o esquema, oferecendo serviços a criminosos. No segundo nível, a Polícia Federal incluiu doleiros, empresários acusados de fraudes, contrabandistas, adulteradores de combustíveis e sonegadores, que executariam os crimes. Por fim, estariam juízes e policiais civis e federais que supostamente livravam criminosos ou obstruÍam investigações.
A operação Anaconda foi resultado de uma investigação de um ano e nove meses feita pela Inteligência da Polícia Federal em Brasília que, com autorização judicial, monitorou mais de 80 telefones de agentes, delegados e juízes federais de São Paulo.
Nesta terça-feira, o Ministério Público Federal pediu o afastamento administrativo dos juízes federais João Carlos Rocha Mattos, Ali Mazloum e Casem Mazloum de suas funções. Os procuradores querem fazer uma auditoria nas varas criminais onde eles atuam.
O corregedor da Polícia Rodoviária Federal do Espírito Santo, Wendel Benevides Matos, afirmou que foi ameaçado por Mazloum. O magistrado foi denunciado durante a Operação Anaconda por formação de quadrilha, ameaça e abuso de poder.
Wendel Benevides Matos é uma das testemunhas mais importantes na investigação. O corregedor será ouvido nesta quarta-feira na CPI da Pirataria da Câmara, em Brasília.