O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a debater nesta quarta-feira o relatório mais recente sobre o assassinato do ex-premiê libanês, Rafik Hariri. O documento indica que agentes secretos sírios estavam envolvidos na explosão que o matou em fevereiro. Hariri, que pedia pela retirada das tropas sírias do Líbano, foi morto na explosão de um carro-bomba em Beirute, a capital libanesa. Em outubro, o Conselho de Segurança ordenou que a Síria oferecesse cooperação total com o inquérito ou sofresse futuras conseqüencias.
Entretanto, a correspondente da BBC na ONU, Susannah Price, disse parecer existir pouca vontade política para a imposição de sanções ao país no momento. Detlev Mehlis, investigador-chefe da ONU no caso, disse que o inquérito na Síria foi marcado por "hesitação e demora".
Segundo ele, apenas depois de muita hesitação e demora o governo sírio concordou com o pedido para que entrevistássemos cinco membros do governo do país que a comissão considera suspeitos, em Viena e sob as condições determinadas pela comissão. O fato teria acontecido há apenas uma semana.
O embaixador sírio nega as acusações e diz que a Síria ofereceu cooperação total. Ele criticou os investigadores por terem divulgado as descobertas do inquérito e disse que eles ignoraram regras básicas de direitos humanos por fazerem alguns suspeitos assinarem documentos escritos em uma linguagem que eles não compreendiam. Ele disse que a Síria não se envolveu no que chamou de "crime odioso" e insistiu que "é de nosso interesse descobrir a verdade". O embaixador libanês diz esperar que o Conselho de Segurança aumente o mandato da investigação da ONU. Espera-se que o pedido seja aprovado. Antes do início do debate, o embaixado norte-americano para a ONU, John Bolton, disse que a Síria vem ignorando várias resoluções da ONU.
- Infelizmente o governo sírio apenas responde com pressão, pelo menos essa é nossa experiência ate agora. Estamos considerando qual a pressão extra que colocaremos. A falta de cooperação, de fato a obstrução (da investigação), pede uma resposta e estamos avaliando exatamente qual deve ser essa resposta - afirmou.
Desde o assassinato do ex-primeiro ministro, aconteceram pelo menos 14 ataques à bomba contra alvos cristãos ou anti-Síria. A onda de violência tem aumentado a crise política do Líbano. Vários ministros pró-Síria avisaram ter suspendido sua patricipação no governo após o premiê Fouad Siniora pediu para que o inquérito da ONU investigasse também o assassinato de proeminentes figuras anti-Síria .