OMS constata que uma em cada seis mulheres apanha do marido

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Publicado Quinta, 24 de Novembro de 2005 às 10:08, por: CdB

Uma em cada seis mulheres do mundo sofre com a violência doméstica. Em algumas comunidades, até dois terços delas já foram agredidas pelos maridos, parceiros ou namorados, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta quinta-feira:

- A sociedade tolerou isso por tempo demais, disse Joy Phumaphi, diretora-assistente para assuntos de Saúde Familiar e Comunitária da OMS. Também fica claríssimo no estudo que um grande número de mulheres não denuncia. Um quinto delas não compartilha informação alguma com ninguém.

O relatório foi baseado em entrevistas com 24 mil mulheres em 10 países (Brasil, Bangladesh, Samoa, Etiópia, Tanzânia, Sérvia e Montenegro, Japão, Tailândia, Namíbia e Peru) ao longo de sete anos.

Trata-se do primeiro estudo global sobre a violência doméstica, seu efeito sobre as mulheres e a reação dos governos e das comunidades. Ele traça um quadro sombrio, feito de fraturas, hematomas, queimaduras, traumatismos cranianos, mandíbulas deslocadas, estupro e medo. Frequentemente, o problema passa de geração em geração.

Segundo o documento, muitas mulheres não denunciam a violência doméstica porque a consideram normal. Outras temem perder seus filhos, ou serem humilhadas. Em muitos casos, as autoridades consideram a questão um assunto privado e não querem se envolver.

Entre 4 e 12 por cento das mulheres que engravidaram disseram ter sido agredidas durante esse período, segundo o relatório. Em mais de 90 por cento dos casos, o pai da criança é o agressor.

O relatório mostra que as vítimas de violência doméstica têm o dobro de chance de sofrerem problemas de saúde. - Isso é um enorme ônus global para a saúde, observou a diretora da OMS.

Embora seja um problema mundial, ele é mais comum em comunidades com pouca instrução nos países pobres, segundo o relatório. A agressão pode ser desencadeada por um jantar atrasado, por uma tarefa doméstica mal feita, por desobediência ou por recusa ao sexo. Normalmente, é um momento em que os homens tentam impor sua autoridade às mulheres.

Em muitos casos, as mulheres admitem que um homem tem o direito de agredir sua companheira sob determinadas circunstâncias.

Phumaphi disse que os governos precisam reconhecer que a violência doméstica é um problema e aprovar leis rígidas contra isso. - O que queremos é tirar a violência doméstica do armário, aceitá-la como um desafio de saúde pública, disse ela. - As medidas precisam ser duras.

No Brasil

No Brasil, o estudo ouviu mulheres com idade entre 15 e 49 anos na cidade de São Paulo e na Zona da Mata de Pernambuco.

Em São Paulo, 29% das mulheres entrevistadas que já tiveram relações íntimas com homens afirmaram que já foram vítimas de agressões físicas ou sexuais cometidas por um parceiro. Nos municípios pernambucanos, esse número chegou a 37%.

Na comparação com os outros nove países pesquisados, os índices das cidades brasileiras foram semelhantes aos registrados na Tailândia e na Namíbia.

De acordo com os resultados do estudo, a violência conjugal no Brasil é maior do que no Japão e na Sérvia. Em compensação, o problema é menos grave no país do que na Etiópia, no Peru, em Bangladesh, na Tanzânia e em Samoa.

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