O capítulo argentino para a integração

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Publicado Segunda, 21 de Março de 2011 às 10:40, por: CdB

Apesar do governo Cristina Kirchner não participar da Alba, movimentos do país integram aliança

 

21/03/2011

 

Dafne Melo

de Buenos Aires (Argentina)

 

A Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América, mais conhecida como Alba, é de importância estratégica para o continente, possibilitando a articulação de forças em busca da unidade e afirmação da autonomia diante do imperialismo. Assim Cláudia Korol, da organização Pañuelos em Rebeldía, define a importância da construção desse instrumento.

Na Argentina, o governo de Cristina Kirchner não faz parte do espaço. “Sua prioridade está em outros processos de integração, como a União de Países Sul-americanos (Unasul). Em geral as posições do governo argentino em política exterior têm algumas definições progressistas, entretanto, não chega a definir ações anti-imperialistas mais radicais”, comenta Korol.

A rejeição por parte do governo, entretanto, não impossibilita que diversos movimentos sociais entrem na Alba. Vanina Bassetti, do Movimento Nacional Camponês e Indígena (Mnci, pertencente à Via Campesina), afirma que há, grosso modo, duas Albas: uma construída dentro de um aspecto mais institucional, envolvendo governos nacionais e outra construída a partir dos movimentos sociais. “Nós construímos a Alba dos povos, a partir dos movimentos sociais em conjunto com outras organizações da Argentina e toda América Latina e Caribe.”

A existência das duas Albas permite que mesmo em países em que os governos optaram por não aderir, projetos de integração, articulação e solidariedade possam ser feitos, de organização para organização, sem passar diretamente pela institucionalidade. Assim, cada país vai construindo seu “capítulo”, como se convencionou chamar, de uma obra maior.

Espaços concretos

Outra organização que participa da construção da Alba no país é a Frente Popular Darío Santillán (FPDS). “Nós sabemos que há problemas que afetam a todos os países do continente e que podem e devem ser pensados conjuntamente”, afirma Celina Rodríguez, da Frente. Ela conta que as organizações comprometidas com a construção da Alba sempre procuram reunir-se em espaços como o Fórum Social Mundial, ou o Fórum Social das Américas. Para este ano, entretanto, está prevista a primeira assembleia continental da Alba, para setembro. A maioria dos países deve realizar encontros prévios para avançar nas definições estratégicas do instrumento de integração.

Korol explica que as duas Albas não se antagonizam, mas se complementam. A Alba dos movimentos, além de permitir a participação de movimentos sociais de países cujos governos não aderiram ao projeto, fortalece a organização e o protagonismo popular do processo. “Os programas sociais da Alba são uma realidade que melhoram a vida de milhões de pessoas. É também uma demonstração de que é possível uma política exterior soberana e independente, que termine com tantos anos de subordinação. É necessário fortalecer essa perspectiva, como parte de um horizonte socialista, aprofundando como se expressa nessa construção o protagonismo popular. É aí que entendo a importância da criação da Alba dos movimentos, com a possibilidade de articular organizações populares tão diversas em torno de propostas concretas de ação comum solidária”.

Outras organizações que fazem parte da Alba na Argentina – além da FPDS, Mnci e Pañuelos en Rebeldía – são a Central de Trabalhadores Argentinos (CTA), Juventude Rebelde–20 de Dezembro (setor estudantil) e o Grupo de Estudos sobre América Latina (Geal).

 

 

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