"O Brasil não vai se dar bem se a Argentina se der mal, e vice-versa"

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Publicado Quinta, 29 de Novembro de 2012 às 08:59, por: CdB

As chefes de Estado do Brasil e da Argentina, Dilma rousseff e Cristina Kirchner, se encontraram nesta 4ª feira, em Buenos Aires. A reunião entre as duas dá-se em boa hora. Afinal, o contexto é de queda no comércio entre os dois países e torna-se cada vez mais urgente avançarmos na integração industrial e do MERCOSUL.

Na visita ao país vizinho, inclusive, a presidenta Dilma expressou sua insatisfação em relação ao desvio de comércio que beneficia parceiros de outros continentes em detrimento do Brasil e da Argentina. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (INDEC), argentino, houve uma queda de 19,4% das importações de produtos brasileiros pelo país entre janeiro a setembro deste ano.

Um percentual muito superior à queda de 3,4% registrada no comércio com outros países. O ministro do Desenvovimento, Fernando Pimentel, inclusive, chegou a reconhecer que o comércio bilateral este ano entre os dois países está desfavorável ao Brasil e vai registrar superávit menor. Mas, ele classifica 2012 como um "ano atípico".

2012, um ano atípico


Em seu discurso para empresários e representes dos dois governos, durante encontro promovido pela União Industrial da Argentina, a presidenta Dilma deixou claro querer a Argentina como "sócia" comercial do Brasil.

"Jamais podemos considerar a possibilidade de menos integração, porque este seria um erro histórico imperdoável. (...) Diante deste quadro, se mais razão não existisse, nossa única e melhor opção é buscar mais integração e mais solidariedade entre os países deste lado do hemisfério", destacou ela.

A presidenta Dilma considerou, também, que "nossos arranjos não podem levar a uma situação de desvio de comércio recíproco em benefício de parceiros extrarregionais. Podemos e devemos ter parceiros extrarregionais, mas não em detrimento no avanço de nossa integração regional".

A chefe do governo brasileiro mencionou  "problemas pontuais" entre governo e empresariados dos dois países e defendeu que exista um diálogo permanente "para que nós possamos construir uma das mais importantes parcerias no mundo".

Integração não é mais só desejo, é necessidade


Em resposta, a presidente argentina afirmou que a integração "deixou de ser um desejo para se tornar uma necessidade" e que "O Brasil não vai se dar bem se a Argentina se der mal, e vice-versa".

Em meio a um período de turbulência política e econômica em seu pais, Cristina afirmou que a Argentina pretende cumprir seus compromissos financeiros com os credores internacionais. Ela faz a afirmação uma semana após um tribunal dos EUA ter emitido uma decisão de que o país vai precisar quitar dívida de US$ 1,3 bi até o próximo mês.

Repito, é cada vez mais urgente avançarmos na integração industrial. Sem ela, fica cada vez mais difícil a integração e o próprio MERCOSUL, dado o peso relativo das duas economias no bloco. O caminho, sem dúvidas, passa pelo dialogo entre as presidentas Dilma e Cristina, os governos e o empresariado. Vivemos um momento vital para superar barreiras e avançar na integração não apenas comercial, mas também produtiva.

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