Novo governo brasileiro deve ser cauteloso na economia

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Publicado Sábado, 30 de Novembro de 2002 às 13:13, por: CdB

O novo governo de esquerda que assume o poder em 1º de janeiro no Brasil espera "um primeiro ano de extrema dificuldade" para administrar a maior economia da América Latina e pretende tomar medidas de precaução, apesar da promessa de campanha de efetuar uma transformação social. Mais de 50 milhões de brasileiros votaram em Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-metalúrgico que baseou sua campanha nas promessas de levar o Brasil para uma nova direção. Mas enquanto a data da posse de aproxima, o novo governo começa a dar indicações de que vai ser amigo do mercado da mesma forma que o governo anterior foi. "Devido ao fato do Brasil ser um país de dimensões continentais, nós não podemos tratá-lo como um pequeno barco que pode dar um giro rápido", disse Antonio Palocci, o coordenador da equipe de transição, em uma coletiva de imprensa para jornalistas estrangeiros. "O Brasil é um grande navio, e nossa política será cautelosa". Representantes do novo governo já se reuniram com uma delegação do Fundo Monetário Internacional, que visitou Brasília no início do mês para discutir o pacote de ajuda de US$ 30 bilhões. Da Silva pretende honrar com o acordo, disse Palocci, mas mesmo sem um acordo, ele reconhece a necessidade de uma grande excedente orçamentário para lidar com a dívida interna. "Nós queremos fazer um ajuste na área econômica que será o mais austero possível para podermos ter resultados fiscais bons e desenvolver uma política de crescimento sustentável", disse Palocci. Uma vez alcançado, ele disse, "o Brasil poderá ter um crescimento de 7 a 8% ao ano", mais do triplo da média da última década. Os problemas que o novo governo enfrentará não são "estruturais, são da situação", argumentou Palocci. O Brasil terminará o ano com US$ 11 bilhões de superávit comercial, ele previu, mais do dobro do esperado. Apesar do aumento dos preços resultante da subida do dólar, o novo governo espera limitar a inflação a simples dígitos no ano que vem. Desde a vitória de Lula, a moeda brasileira, o Real, caiu mais de 10% em relação ao dólar, depois de subir mais de 30% durante a época eleitoral. Mas nos últimos dias voltou a subir de novo por causa da incerteza da composição do gabinete de Lula. Lula deve visitar os Estados Unidos em duas semanas, depois de uma viagem para os maiores parceiros do Brasil, a Argentina e o Chile. Ele deve se encontrar com o presidente Bush em 10 de dezembro, uma atitude incomum para um líder que ainda não tomou o poder.

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