Cerca de 600 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma fazenda em Coqueiros do Sul, na região norte do Rio Grande do Sul. A Fazenda Guerra, de propriedade de Félix Tubino Guerra, possui área de 7 mil hectares. É a primeira invasão de terras este ano no estado.
Os agricultores saíram de Julho de Castilhos, na região central, e Palmeira das Missões no início da madrugada. Os manifestantes estão dispostos a ficar até que o governo efetue a desapropriação da área para reforma agrária. A Polícia Militar está no local para garantir a segurança de todos, mas não há conflito até o momento. O governo do estado aguarda para acatar o que a Justiça determinar em relação à reintegração de posse.
Também não houve nenhum contato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/RS) que, se for preciso, poderá intermediar as negociações. Segundo o Instituto, a manifestação dos sem-terra não vai alterar o cronograma de vistorias, mas qualquer propriedade com mais de 15 módulos de área, é passível de ser vistoriada.
Ontem, o superintendente do Incra/RS, César Aldrighi, anunciou que até o final deste mês serão definidos os processos de desapropriação envolvendo cinco áreas no interior do estado, para assentamento. Os imóveis possuem área total de 9,57 mil hectares. Duas serão desapropriadas devido ao não-cumprimento da função social; em outras duas propriedades está sendo negociada a aquisição; e outra área será cedida ao Incra pelo patrimônio da União. Se houver aproveitamento de todos os imóveis, o Incra prevê o assentamento de 400 a 500 famílias.
Atualmente, existem no Rio Grande do Sul 17 acampamentos, localizados em 14 municípios, que abrigam 2.750 mil famílias. O cadastro do Incra conta hoje com 1.783 famílias. Em dois acampamentos de implantação mais recente (nos municípios de São Gabriel e Nova Santa Rita) o cadastramento ainda não foi realizado.
Segundo o Instituto, em 2003 houve apenas uma ocupação sob responsabilidade do Incra no estado: no dia 06 de outubro, na fazenda Bom Retiro, em Júlio de Castilhos. Outras três ocupações ocorreram por pendência na situação da Fazenda Limoeiro, em São Jerônimo, adquirida pelo governo gaúcho.