O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público manifestar-se em relação aos últimos acontecimentos no município de São Gabriel:
“Estamos marchando com 800 famílias rumo ao Assentamento em São Gabriel, pois temos confiança de que a justiça será feita e acreditamos que o Supremo Tribunal Federal irá garantir a desapropriação da fazenda Southall, assim que receber os documentos que comprovam a improdutividade deste latifúndio de 13,2 mil hectares, maior do que 133 municípios gaúchos; e que relatam como ocorreu o processo de vistoria; com a tentativa dos latifundiários da região de impedi-la com barreias armadas nas estradas; e demonstrando que apesar de estar avaliada em cerca de 27 milhões de Reais, a propriedade acumula dívidas superiores a 32 milhões de Reais.
“A marcha das famílias Sem Terras rumo ao Assentamento incomoda aos latifundiários e seus defensores, que adotam métodos terroristas para aterrorizar a população, tentando construir a imagem de que o MST é uma ameaça.
“Lembramos alguns fatos que demonstram quem é que utiliza de métodos truculentos e terroristas para garantir seus interesses:
“Em 1998, fazendeiros pulverizaram com veneno um acampamento do MST no Rincão do Ivaí, município de Salto do Jacuí, assassinando 4 crianças. Este caso foi abordado inclusive pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado.
“Em 2000, no Acampamento de Quebracho, município de Hulha Negra, os fazendeiros envenenaram a água, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.
“No acampamento de Alegre, também no ano de 2000, os fazendeiros atiraram e jogaram suas camionetes contra as famílias, provocando inclusive acidentes nas rodovias.
“Recentemente, o Prefeito de São Gabriel abriu valetas nas proximidades da fazenda Southall para impedir a chegada da Marcha na área. Os buracos vem causando transtornos a população que necessita da estrada. Um veículo escolar acidentou-se em um dos buracos.
“Esta semana, a vereadora Sandra Xarão, de São Gabriel, foi ameaçada de morte porque apóia a Reforma Agrária. Foi distribuído ainda um panfleto apócrifo na cidade incitando a violência contra os Sem Terras. A quem interessa esta prática?
“Esperamos que as autoridades competentes investiguem e punam os responsáveis por esta prática terrorista de ameaças e incitações.
“Estes fatos demonstram a verdadeira ameaça que o latifúndio representa para a nossa sociedade, pois sustenta-se na violência para manter seus privilégios, além dos prejuízos econômicos e sociais que gera.
“Marchamos, dialogando com a sociedade, mostrando nossos rostos. E o apoio que recebemos da sociedade, por onde nossa marcha tem passado, demonstra que a população gaúcha aprova a desapropriação da fazenda Southall.
“Reafirmamos nosso compromisso de lutar pela Reforma Agrária, porque acreditamos que só ela garante a paz no campo. E reafirmamos a crença de que quando chegarmos em São Gabriel, o Supremo Tribunal Federal já terá garantido a desapropriação deste latifúndio.
“MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA
Reforma Agrária, Por um Brasil Sem Latifúndio!”