Movimentos sociais vão pressionar Lula

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Publicado Quinta, 16 de Novembro de 2006 às 10:12, por: CdB

O segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será marcado por cobranças intensas dos movimentos sociais, que querem garantir a eficácia das políticas de reforma agrária. É o que garante o membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o economista João Pedro Stédile.

- Nós não vamos cobrar em reuniãozinha, não. Nós vamos cobrar organizando, mobilizando, continuando a fazer ocupação e pressionando o governo para que acelere o ritmo de reforma agrária no país. Esse é o nosso papel - destacou.

Stédile disse esperar que o governo, neste próximo mandato, faça grandes mudanças na política agrária brasileira:

- Estamos decepcionados com o primeiro mandato do presidente Lula. O governo está em dívida com os movimentos sociais, está em dívida com os sem-terra.

Ele lembrou, ao cobrar ações mais concretas do governo para esta área, que, hoje, 140 mil famílias estão acampadas na beira das estradas e, por isso, o presidente Lula tem de se voltar mais para os movimentos sociais que lutam pelas causas rurais.

- Espero que agora, neste segundo mandato, o presidente Lula tenha se dado conta de que o agronegócio lutou contra ele. Não é à toa que foi derrotado basicamente no Centro Oeste e no Sul do país, onde se concentram os maiores produtores - afirmou.

Stédile destacou que o MST apoiou a reeleição do governo, "mas ele está em dívida conosco". Na avaliação dele, para resolver o problema da reforma agrária, o governo precisa "ter coragem" de enfrentar o latifundiário.

- O problema da reforma agrária não é o servidor, e nem o diálogo com o servidor. O problema da reforma agrária é o governo ter coragem de enfrentar o latifúndio - avalia.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, também reiterou o compromisso de sua instituição de continuar lutando pelas questões agrárias.

- A nossa perspectiva é a de que o governo possa avançar do ponto de vista da reforma agrária. Não só do ponto de vista do acesso à terra, mas também do assentamento. Vamos continuar lutando e cobrando do governo. Não tenho sonho de que tudo se resolverá. Aliás, seria uma utopia, porque o déficit social do Estado brasileiro é muito grande, mas eu tenho certeza de que vamos continuar avançando e acumulando conquistas nessa direção - acredita.

O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, anunciou que as expectativas para o cumprimento de meta do governo para este primeiro mandato são as melhores possíveis. Conforme destacou, a previsão é a de que até o final deste ano o governo Lula tenha assentado 400 mil famílias em todo o país.

- Hoje já temos cerca de 330 mil famílias assentadas. Podemos chegar a 400 mil até o final deste ano - ressaltou.

Ao ser indagado sobre as metas futuras, Hackbart informou que elas ainda estão sendo estudadas.

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