Morales conquista ampla vitória nas urnas

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Publicado Domingo, 18 de Dezembro de 2005 às 19:47, por: CdB

As eleições realizadas na Bolívia terminaram, neste domingo, com uma certeza e no mínimo duas grandes questões. Estava certo o prognóstico divulgado neste sábado aqui, no <b>Correio do Brasil</b>, com base em informes confidenciais de organizações de cooperação internacional naquele país. Evo Morales conquistou mais de 48% dos votos para a Presidência e a maioria absoluta na Câmara.

Mas aí vêm as dúvidas. De acordo com a Constituição boliviana, o presidenciável que não obtiver 50% dos votos mais um precisará passar pelo crivo do Congresso, em janeiro. Não se sabe, ainda, com quantos votos o socialista, líder dos índios cocaleros, contará no Senado. E quanto tempo irá durar o seu governo.

Jorge "Tuto" Quiroga, segundo pesquisa de boca-de-urna divulgado logo após o encerramento das eleições, obteve entre 33% e 36% dos votos, margem suficiente para levar a disputa até o Congresso. A maior parte dos rivais de Evo Morales já se pronunciaram, neste domingo, em reconhecimento à legitimidade das eleições e do seu resultado, conformados com a vitória do dirigente do Movimento ao Socialismo (MAS). Mas, na Bolívia, é preciso antes que de conclua todo o processo para se ter certeza do resultado.

Os empobrecidos indígenas do planalto, dos vales e do trópico da Bolívia compareceram tranqüilamente às eleições com as quais o país sul-americano tenta superar sua instabilidade política. Ainda que, para a maioria, a esperança parecia identificar-se com a possibilidade de que o líder cocaleiro Evo Morales seja o primeiro presidente indígena do país, outros esperavam que, ganhe quem ganhe, sejam garantidas a paz e a estabilidade de empregos. A aposta em Morales era amplamente majoritária na Villa 14 de Septiembre, um povoado de cocaleiros na região tropical do centro da Bolívia, onde o líder indígena aymara favorito para vencer as eleições iniciou sua carreira sindical e política.

Principal rival de Morales, o ultraconservador Jorge Quiroga tem seus feudos no leste do país, onde se encontram as ricas reservas de gás natural. Com roupas simples, alguns com sinais de terem caminhado várias horas até o centro de votação na rústica escola do povoado, cerca de 600 quilômetros a leste da La Paz, os habitantes locais sorriam e brincavam na língua indígena quíchua enquanto esperavam em longas filas para depositar seus votos.

- Evo tem sido um bom dirigente, não há corrupção com ele, mas os outros têm 'mãos leves'. Os outros têm oferecido fazer postos de saúde e criar escolas, mas nada foi cumprido - disse um aposentado de 78 anos, que não quis se identificar.

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