Monocultura é alto risco ao clima do planeta, alerta pesquisadora

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Publicado Quarta, 07 de Março de 2007 às 08:43, por: CdB

Na manhã desta quarta-feira, as mulheres do movimento social Via Campesina completaram as primeiras 24 horas em quatro ocupações de terra no Rio Grande do Sul. As manifestações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Via Campesina. As mulheres lutam pelo fim do "deserto verde" que prejudica tanto as pequenas plantações e o clima do planeta.

Para falar sobre o assunto, a bióloga Luiza Chomenko, doutora em em biogeografia pela Universität Der Saarland, na Alemanha, concedeu entrevista ao Correio do Brasil.

Atualmente Chomenko parte do corpo docente da Unilasalle, em Canoas, no Rio Grande do Sul. É, também, bióloga da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (FEPAM), cedida por convênio para o Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.

'Deserto verde'

A ocupação da Via Campesina visa denunciar que o "deserto verde" está acabando com as pequenas propriedades e destruindo o solo do Estado. Segundo a pesquisadora, a questão dos cultivos de monoculturas, independentes do que seja plantado, "são sempre um risco".

- Seja ele ambiental (risco direto à biodiversidade e a recursos abióticos que lhe dão sustentação) ou sanitário (se ocorrer algum problema decorrente de clima ou doença, quando há policultivos as perdas se resumirão apenas a uma parte das culturas), se houver apenas um tipo sendo cultivado, o risco de perda total é direto. Pode ser, também, um risco cultural (as populações locais terão de se adaptar ao novo modelo de uso da terra) ou econômico (dependência direta de mercado e de outros fatores que poderão desconsiderar as realidades locais).

Ainda segundo Chomenko, a introdução de grandes áreas de monoculturas de árvores exóticas poderá introduzir esses temas em toda uma região que, até agora, "tem sido um exemplo de ocupação em um processo que tem, até certo modo, permitido a existência e permanência de populações locais e características ambientais muito importantes e específicas".

- A "metade sul" do Rio Grande do Sul corresponde aproximadamente àquilo que se denomina bioma pampa, o qual é o único do Brasil que ocupa apenas um Estado brasileiro, tendo especificidades e potencialidades imensas. Estes aspectos, muitas vezes, são desconsiderados e, no caso específico da silvicultura, estinúmeros centros de pesquisas e de regulamentação legal, os quais ainda não estão concluídos, as empresas vêm implantando seus cultivos sob o argumento de que, caso seja necessário, posteriormente poderão ão tendo uma abordagem no mínimo questionável. Embora estejam sendo feitos estudos envolvendo ser feitas correções.

O agronegócio, além de interromper o processo de reforma agrária e impedir a agricultura camponesa, segundo Luiza Chomenko, está diretamente relacionado com modelos "globais" de desenvolvimento que não consideram as especificidades locais.

- Eu me permitiria questionar mais uma vez a própria denominação "agronegócio", pois esta palavra virou sinônimo de alguns tipos de cultivos, geralmente ligados a poucos grandes grupos empresariais. Ora, os agronegócios podem também ser produtos oriundos da pequena propriedade e direcionados para mercados mais restritos, ou não? Aqui se colocam em jogo interesses privados de alguns setores, deixando-se de se levar em conta as realidades e potencialidades locais. O Brasil, sendo um país continental, que tem milhares de comunidades humanas ligadas ao setor rural, não pode se dar ao luxo de desconsiderar esse panorama. Obviamente, temos um imenso potencial de tratar de grandes propriedades, mas pergunto: Por que não valorizamos nossas realidades típicas que levem em conta nossa abundância de recursos naturais e humanos?

O modelo vigente, segundo a professora, "é cruel e altamente dependente de insumos externos", geralmente também fazendo parte do "pacote tecnológico", que vem sendo expandido pelo planeta.

- No momen

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