Milhões marcam Dia Mundial de Luta contra a Aids

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Publicado Domingo, 01 de Dezembro de 2002 às 16:12, por: CdB

Milhões de pessoas marcaram neste domingo o Dia Mundial de Luta contra a Aids com passeatas e orações em meio a sombrias estatísticas mostrando que o ritmo de progressão da epidemia supera todos os esforços para controlá-la. Na China, autoridades lançaram uma nova campanha nacional instruindo um milhão de estudantes a trabalhar na conscientização sobre a Aids. Na Grã-Bretanha, especialistas em Saúde alertaram para um alarmante aumento do número de infectados. Na África do Sul, o país mais atingido pela doença, houve um funeral em massa para bebês. "Nós homenageamos todas as crianças que faleceram sob nossos cuidados", disse Jackie Schoeman, do Cotlands Baby Sanctuary, que realizou uma cerimônia neste domingo, em Johannesburgo, para sepultar as cinzas das pequenas vítimas cremadas. As atividades do Dia Mundial de Luta contra a Aids demonstram o quanto a doença vem se disseminado desde que foi detectada pela primeira vez entre homens homossexuais nos Estados Unidos, em 1981. Estimativas divulgadas pelas Nações Unidas na semana passada indicam que mais de 40 milhões de pessoas em todo mundo estão infectadas pelo HIV, o vírus que causa a Aids, a vasta maioria delas na África. Até o final desse ano, a Aids matará 3,1 milhões de pessoas, e mais cinco milhões serão infectadas, afirma a UNAIDS em seu relatório. O vírus parece estar se propagando pelas regiões, o que poderia transformar a epidemia em um desastre realmente global. Além disso, o HIV tem a capacidade assustadora de se aperfeiçoar e adaptar, desenvolvendo resistência aos medicamentos de combate à Aids e dificultando a busca por uma vacina. O leste europeu e a Ásia central, com 1,2 milhão de casos, exibem hoje o mais rápido ritmo de crescimento da epidemia. E autoridades internacionais temem que a China e a Índia sejam bombas-relógios da Aids devido às suas gigantescas populações. Estimados um milhão de chineses estão infectados pelo HIV e, caso não sejam tomadas medidas efetivas, esse número pode chegar a 10 milhões - o equivalente a toda população da Bélgica - até o fim dessa década, segundo o relatório da ONU. Há muito criticada por sua lenta resposta à ameaça, a China lançou neste domingo uma nova campanha de conscientização e prevenção, enfrentando tabus, ao falar em público de atividades sexuais. O governo chinês quer que estudantes ensinem habitantes de zonas rurais a evitar a doença e denunciar a discriminação contra suas vítimas. Apesar de os países desenvolvidos terem registrado um declínio no número de novos casos nos últimos anos, autoridades da Grã-Bretanha declararam essa semana que deve haver no país um aumento de 20 por cento no total de infectados esse ano - duas vezes a taxa do final da década de 1990. "Nós estamos seguindo na direção errada e isso é extremamente preocupante", ressaltou o doutor Barry Evans, do Public Health Laboratory Service, que monitora as doenças infecciosas no país. O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton defendeu maiores esforços para tratar as vítimas da doença, dizendo que a prevenção e a educação não são suficientes. "Nós podemos e temos que fazer mais para deter a propagação da Aids atuando mais para tratar as pessoas já contaminadas", disse Clinton em um artigo publicado neste domingo no New York Times. "Agora que temos a capacidade médica de salvar e melhorar as vidas de milhões de pessoas, não há outra opção moral ou prática".

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