Marlon Brando rejeitou repetidos convites para fazer o papel de Don Corleone em O Poderoso Chefão, dizendo à sua assistente: "É sobre a Máfia. Não vou glorificar a Máfia".
A informação consta de um artigo publicado na edição mais recente da revista Vanity Fair, que chegou às bancas na terça-feira.
Na edição anual dedicada a Hollywood, o escritor e amigo de longa data de Marlon Brando Budd Schulberg contou que a assistente de Brando, Alice Marchak, implorou a ele para que lesse o livro.
Schulberg, que escreveu o roteiro de "Sindicato de Ladrões", um dos filmes mais famosos de Brando, disse que, em dado momento, o ator atirou o livro contra sua secretária, exclamando: "Pela última vez -- não vou glorificar a Máfia!."
Mas Schulberg contou que, como que num passe de mágica, na vez seguinte em que Marchak apareceu para trabalhar, Marlon Brando tinha usado um lápis delineador de olhos para desenhar um pequeno bigode em seu rosto e perguntou a ela: "Como estou?"
Marchak respondeu: "Você parece George Raft" -- um ator que frequentemente representava criminosos na telona.
A cada vez que ela via o ator, Marchak contou a Schulberg, ele estava com um bigode diferente, todos em estilo de chefão mafioso.
Ficou claro que, apesar de suas reservas iniciais em relação ao filme, Brando mudara de idéia. Mas os executivos do estúdio Paramount não queriam Brando no papel e exigiram que ele fizesse um teste. Brando concordou.
O papel acabou injetando ânimo novo na carreira de Marlon Brando e lhe valeu seu segundo Oscar da Academia, que ele rejeitou.
Marlon Brando morreu em julho passado, aos 80 anos de idade.