Todos os anos, no dia 28 de março, asociedade civil organizada do Rio de Janeiro (Sudeste do Brasil) se manifesta emtorno de reivindicações populares. Neste ano, a temática escolhida foi aeducação pública. Os manifestantes, que se reuniram na tarde desta quarta-feira,pediram às autoridades competentes que a nação repasse 10% do seu ProdutoInterno Bruto (PIB) para a educação pública e disseram não às privatizações.
Professores, estudantes efuncionários do setor público da educação se reuniram na Candelária, centro históricodo Rio de Janeiro, para dar vida à Marcha pela Educação. De acordo com TarcísioMotta de Carvalho, professor da Rede Municipal de Duque de Caxiase diretor do Sindicato Estadual dosProfissionais de Educação do Rio de Janeiro – Sepe, a cifra anunciada de 7%para a educação não cobre as grandes necessidades do setor, por isso se demandaa aplicação dos 10%.
Tarcísio apontou a necessidade de se colocar um fimà meritocracia na educação pública, encerrando com os sistemas de metas e notasque implicam no salário dos professores. Outra problemática relacionada àeducação, citada pelo professor, foi a destruição das escolas públicas com acontratação de empresas privadas e a falta de investimentos adequados.
"Entre os principais problemas relacionados àeducação pública no Brasil está a questão da infraestrutura. As escolas estãosuperlotadas e não são adequadas para a aplicação das propostas pedagógicas. Hátambém o problema do autoritarismo e da falta de uma gestão democrática quepermita que a comunidade de aproprie da escola. Outro ponto é a falta deautonomia pedagógica do professor, que hoje só reproduz pacotes de projetos”,critica Tarcísio.
Durante a Marcha pela Educação,também foi pedido que o Governo cessasse com o fechamento das escolas do campo.De acordo com o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e PesquisasEducacionais (Inep), do Ministério da Educação, em 2002 havia 107.432 escolasno meio rural. Já em 2009 este número caiu para 83.036 estabelecimentos.
A manifestação desta tarde tambémfoi oportuna para dizer não às privatizações e reivindicar que uma das maioresriquezas do Brasil – o petróleo - seja do povo. Os manifestantes também pediramo fim da privatização do transporte público (barcas, ônibus e metrô), que hoje seencontra em péssimas condições de conservação, com preços elevados e limitações ao passe-livre.
A Marcha pela Educação foi realizadapelo Fórum Estadual de Defesa da Escola Pública com o apoio de 40 movimentos eorganizações da sociedade civil carioca. Há um ano, em 31 de março de 2011, oFórum realizou manifestação semelhante pedindo melhorias para a educação pública.
28 demarço
A data rememora a morte do estudantesecundarista EdsonLuis de Lima Souto, de 18 anos, assassinado em 28 de março de 1968 peladitadura militar no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro. O paraense foi o primeiro estudante mortopela ditadura. Seu assassinato marcou profundamente o movimento estudantil e fortaleceua resistência dos jovens contra o regime militar. 1968 foi marcado ainda pelasconstantes mobilizações contrárias ao regime e pelo endurecimento das ações dosmilitares, que neste ano decretaram o Ato Institucional Número Cinco (AI-5).