Mandela faz apelo ao G7 pela África; doente, Snow falta a cúpula

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Publicado Quinta, 03 de Fevereiro de 2005 às 19:17, por: CdB

O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela fez na quinta-feira um apelo aos países integrantes do G7 para que ajudem a tirar a África da pobreza.

O apelo do ex-prisioneiro político de 86 anos coincidiu com a notícia de que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, está doente e enviou um substituto para o encontro dos países mais ricos do mundo, que costuma se dedicar mais às moedas e ao crescimento econômico que aos pedidos do Terceiro Mundo.

A ausência de Snow tornou ainda mais remota a possibilidade de uma nova tentativa de influenciar as taxas do dólar, do euro e do ien, e voltou as atenções para a campanha liderada pela Grã-Bretanha para aliviar a África de suas dívidas e de epidemias como a Aids e a malária.

"A pobreza generalizada e a desigualdade obscena são calamidades tão terríveis ... que ficam lado a lado da escravidão e do apartheid", disse um fragilizado Mandela a milhares de partidários na Trafalgar Square, em Londres. Ele foi convidado pelo ministro britânico das Finanças, Gordon Brown, na véspera das negociações que Brown comanda na sexta e no sábado com seus correspondentes do G7. Mandela também vai conversar com eles.

Brown quer a eliminação das dívidas dos países mais pobres do mundo -- a maioria na África -, que lhes custam 39 bilhões de dólares ao ano, e pressiona por novas leis comerciais e mais assistência financeira.

Também participam os ministros do Brasil, da China, da Índia e da África do Sul, além da Rússia, a convite da Grã-Bretanha.

O G7 -- EUA, Japão, Alemanha, Itália, França, Grã-Bretanha e Canadá -- responde por apenas 14 por cento da população mundial, mas detém dois terços de toda a riqueza do mundo.

China e a Índia sozinhas têm cada uma populações maiores que todo o G7, e a China já é a sétima maior economia do mundo, o que obriga as potências tradicionais a reavaliar sua estratégia.

A participação da China também tem outro motivo. Os ministros querem ver se o país está disposto a mudar seu regime monetário, já que o yuan teria cotação baixa demais em relação ao dólar, impedindo a competição do resto do mundo. A China disse que nada vai mudar num futuro próximo.

Integrantes do grupo disseram que os ministros e chefes de banco central do G7 devem se manter fiéis em Londres ao apelo feito um ano atrás por moedas menos voláteis e por taxas de câmbio mais flexíveis.

A queda recorde do dólar em dezembro alimentou a especulação de que a questão monetária dominaria a reunião, mas todos os países do G7 minimizaram essa possibilidade desde a recuperação do dólar, em janeiro.

Os ministros também estão analisando as propostas de Brown para a ajuda à África e aos países atingidos pelo tsunami de dezembro, na Ásia. Uma autoridade do G7 disse na quinta-feira que seria discutida a extensão da moratória de três meses do pagamento das dívidas, talvez até 2006. A dívida externa dos países atingidos soma 272 bilhões de dólares.

Uma das idéias de Brown é vender parte das reservas de ouro do Fundo Monetário Internacional para financiar o perdão das dívidas dos 27 países mais pobres do mundo.

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