Mandela enterra filho que morreu de Aids

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Publicado Sábado, 15 de Janeiro de 2005 às 12:13, por: CdB

Com aspecto frágil, Nelson Mandela sepultou neste sábado seu último filho homem em um remoto campo sul-africano. Ele usava uma fita vermelha na lapela, simbolizando a luta contra a Aids, doença que matou Makgatho Mandela, de 54 anos, há uma semana.

Milhares de pessoas, inclusive a elite política do país, se reuniram em torno da casa onde Mandela passou a infância, em Qunu, e onde seus parentes velaram Makgatho.

Mandela, 86, ícone da luta contra o regime racista do apartheid, apareceu apoiando-se em uma bengala e amparado por sua mulher, Graça Machel. Com passos lentos e semblante sofrido, ele depositou uma rosa amarela e um punhado de terra no túmulo.

Dois homens em trajes tradicionais entoaram exortações em xhosa, a língua de grande parte da cerimônia, realizada no cemitério particular da família, a poucos metros do lugar onde o filho de Mandela vivia.

Graça também usava o símbolo vermelho da luta contra a Aids. O vírus atinge cerca de um em cada nove sul-africanos, a maior incidência em todo o mundo.

Zwelakhe Sisulu, filho do falecido Walter Sisulu, companheiro de Mandela no Congresso Nacional Africano, elogiou o ex-presidente por admitir publicamente que Makgatho morreu de Aids, decisão que rompe um dos principais tabus da África com relação à epidemia.

- Há uma doença que está confrontando não só nossa nação como o mundo todo - disse Sisulu, primo e amigo íntimo de Makgatho.

- Fique vivo, a Aids mata - afirmou um religioso em seu sermão.

A transparência de Mandela com relação à Aids contrasta com a atitude de seu sucessor, Thabo Mbeki, que durante anos questionou a ligação entre o vírus HIV e a Aids e foi criticado pela demora em fornecer medicamentos aos doentes.

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