Malvinas se transformam no "Eldorado" do Atlântico

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Publicado Quinta, 11 de Abril de 2002 às 12:20, por: CdB

A guerra das Malvinas, ocorrida há 20 anos, acabou resultando no boom econômico das ilhas e transformou o arquipélago em um eldorado ao sul do Oceano Atlântico, a 500 quilômetros da costa argentina. Depois do esforço militar e da vitória sobre a Argentina, a Grã-Bretanha teve de investir e dar mais atenção às ilhas, território até então pouco valorizado. O governo britânico delimitou uma zona marítima para as ilhas em 1986, e a pesca passou a ser a principal atividade econômica local, tomando o lugar da decadente extração de lã. "Não podemos negar que a invasão argentina trouxe efeitos positivos. Pela pior das razões, o governo britânico não pôde mais ignorar nossa existência", diz John Fowler, diretor de Turismo das ilhas. Riqueza Depois de 1982, a Grã-Bretanha também construiu uma base militar, um aeroporto, rodovias, melhorou a infra-estrutura de comunicações e instalou docas flutuantes na capital, Porto Stanley. Como resultado, de 82 até agora, o PIB (Produto Interno Bruto) das Malvinas, chamadas de Falklands pelos britânicos, aumentou em mais de dez vezes (de US$ 7 milhões para 77 milhões - o equivalente a R$ 190 milhões). A população das ilhas, que estava então em declínio, aumentou de 1.800 para 2.400 habitantes, e a renda per capita atual, de US$ 30 mil por ano (R$ 72 mil), é maior do que a da Grã-Bretanha. "Antes da guerra, havia pobreza e estávamos estagnados. Agora, a pobreza acabou. Há prosperidade e riqueza. É possível comprar artigos caros e supérfluos, e temos mais contato com o mundo", afirma Lisa Riddel, editora do semanário Penguin News, único jornal do lugar. Riddel, de 32 anos, estudou no País de Gales. Ela e muitos jovens que deixaram as ilhas atrás de melhores chances na Grã-Bretanha estão agora voltando ao arquipélago, devido ao desenvolvimento econômico. Porto Stanley Como resultado do boom econômico, Porto Stanley concentra 2.000 dos 2.400 habitantes das Malvinas. Apesar do crescimento, a cidade conserva as caracterísiticas de uma cidade do interior, onde todos se conhecem e não trancam as portas de casa. A litorânea e plana Stanley parece uma cidade de brinquedo, já que a maioria das casas são pré-fabricadas. Devido à distância, tijolos, cimento e outros materiais de construção não chegam às ilhas com facilidade. No lado leste da costa da cidade, tratores abrem terrenos para a montagem de novas casas. Boa parte das famílias pode agora importar seus jipes Cherokees ou Land Rovers. Serviços de saúde e educação são gratuitos e satisfatórios, financiados pelo governo local. A criminalidade é praticamente inexistente. O governo do arquipélago conta com 600 funcionários, e há 262 pequenas empresas na capital. O boom econômico tem estimulado a imigração de chilenos e habitantes de Santa Helena (ilha próxima à África, também território britânico). Eles chegam de zonas mais pobres para trabalhar no setor de serviços, como garçons e eletricistas, por exemplo. "Já estou aqui há dez anos. Trabalhei como cozinheiro em um hotel, e neste ano abri meu próprio restaurante. Não posso reclamar", conta Alex Olmedo, um dos 65 chilenos nas ilhas, dono do único restaurante da cidade. As oportunidades de trabalho também atraem mão-de-obra qualificada. Engenheiros, médicos e professores britânicos mudam para as ilhas, em busca de um estilo de vida mais tranqüilo. O governo local incentiva a migração, já que há falta de força de trabalho. Isolamento A dona-de-casa brasileira Helena Shillatoe vive em Stanley há quatro anos. Ela é casada com um engenheiro britânico que trabalha para o governo das ilhas. Helena elogia a qualidade de vida do lugar. Destaca que não há poluição e que seu filho de seis anos vai sozinho para a escola. Mas ela reclama do isolamento e da falta de opções de entretenimento. "É mais fácil chegar ao Brasil da Europa do que daqui, pois não há vôos diretos. Não há cinemas, nem variedade de produtos. Encomendamos nossas compras por catálogos", diz. O isolamento descrito por Hele

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