A ampliação do mandato presidencial de quatro para cinco anos deveria substituir o mecanismo de reeleição, criado em 1997. Esta é a opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressa em entrevista coletiva a jornalistas, na manhã desta quarta-feira. A última do ano, que encerra uma série de três coletivas a emissoras de rádio que foram realizadas em novembro e dezembro deste ano.
- O Brasil poderia ter um mandato de cinco anos, sem reeleição, porque assim quem está presidindo, não ficaria preocupado em fazer negociações para poder se reeleger - afirmou o presidente.
Apesar de não descartar a candidatura em 2006, Lula voltou a reconhecer que foi contrário à proposta de reeleição durante a elaboração da Constituição em 1988.
- Eu sou contra a tese da reeleição, eu votei contra ela na Constituição de 88. Acho que foi um desatino ter diminuído o mandato de cinco para quatro anos - disse.
O presidente disse que, naquela época, aparecia nas pesquisas com 40% de votos:
- Resolveram mudar, diminuir o mandato, com medo que eu ganhasse as eleições.
Lula reafirmou que não tem pressa em decidir sobre a reeleição.
- Eu estou vendo candidato para tudo quanto é lado. Tem mais candidato do que eleitor - ironizou.
Em defesa do amigo
Ainda inconformado com o destino do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que teve seus direitos políticos cassados por oito anos, Lula saiu em defesa do amigo.
- Sou contra a pena de morte na vida política e na vida normal - afirmou Lula, que já havia saído em defesa de Dirceu e voltou a defender que julgamentos só ocorram após a conclusão das investigações.
No entendimento do presidente, até agora, não existem provas de irregularidades cometidas pelo ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT):
- Quando você mancha o nome de uma pessoa depois você não reconstrói mais", afirmou. "Eu defendo que haja apuração, investigação. Agora eu sou contra a pena de morte na vida política e na vida normal.
Lula também afirmou que, caso concorra à reeleição, Dirceu subirá em seu palanque.
- Eu levaria (Dirceu) para o palanque até porque ele foi cassado e não foi provado nada contra ele - afirmou.
Dirceu foi cassado no dia 30 de novembro. O processo disciplinar movido na Câmara dos Deputados a partir de representação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) acusava o ex-ministro da Casa Civil de ser o coordenador de um esquema de pagamento irregular a deputados para que votassem a favor de projetos de interesse do governo, o chamado "mensalão".
Para o presidente, afirmar que as autoridades têm que saber de tudo que ocorre no território nacional é uma simplificação.
- Quantas mães de famílias, quantos pais de família têm um filho dentro de casa que está praticando algum delito, que está usando droga e não sabe. Só fica sabendo quando a polícia prende, quando acontece alguma desgraça - comparou.
Lula, no entanto, destacou que o desconhecimento não tira a responsabilidade das autoridades. Segundo ele, diante de uma irregularidade é preciso tomar providências.
- O que não pode é abrir mão da responsabilidade. A responsabilidade é minha, é de qualquer ministro - disse.
Pura pressão
A pressão exercida pela oposição é uma postura natural, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com ele, o papel dos opositores é criticar o governo e o Partido dos Trabalhadores (PT) precisa aprender a lidar com essa pressão.
- Nós remamos para frente, eles remam para trás. Esse é o jogo. O PT fez isso e o PT não tem que se queixar. Se você encontrar um petista lamentando que a oposição está batendo, não leva muito em conta porque eles têm que aprender a falar. Bateram a vida inteira, nós temos que aprender a apanhar - disse.
Quanto as suas declarações, na época em que explodiu o escândalo do "mensalão", em abril de