Lula e Kirchner debatem comércio bilateral

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Publicado Terça, 29 de Novembro de 2005 às 10:37, por: CdB

O subsecretário-geral da América do Sul, do Ministério das Relações Exteriores, José Eduardo Martins Felício, em entrevista no Palácio Itamaraty, afirmou a disputa comercial entre o Brasil e a Argentina é "uma preocupação legítima". Martins Felício resumiu sua visão sobre a proposta argentina de criar barreiras a produtos brasileiros que afetem sua indústria. Mas o comércio entre os dois países não será o assunto principal do encontro que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nestor Kirchner farão a partir desta quarta-feira, em Puerto Iguazu, ponta argentina da Tríplice Fronteira.

- Não é tema principal, senão o comércio se sobrepõe a tudo - afirmou.

Para o secretário responsável pelas articulações políticas do governo brasileiro na América do Sul, o tema do comércio "não se sobrepõe à cultura, ao entendimento político. O esforço de integração é mais importante."

Dentro dessa agenda de integração entre os dois países, Kirchner e Lula devem assinar cerca de 30 acordos, segundo o Palácio do Planalto. Entre eles, o embaixador Martins Felício destaca um na área de política espacial, dois protocolos na área de energia nuclear e um acordo na área de defesa - para produção de um veículo militar leve. Também está em pauta um acordo para ensino das línguas portuguesa e espanhola nos dois países. Mas a questão econômica estará no centro dos debates.

- Sempre houve uma preocupação da Argentina com relação a um surto comercial prejudicial a ela. É uma preocupação argentina, é uma preocupação do Brasil. Nós agora estamos preocupados com uma certa invasão de produtos chineses e queremos criar mecanismos para eventualmente compensar algum tipo de surto. A preocupação, no fim da linha, é que se tenha setores que deixem de ser competitivos e que se possa perder empregos. Se eu produzo têxteis, por exemplo, e amanhã houver uma invasão de têxtil de qualquer origem e eu for obrigado a fechar algumas das minhas fábricas, o que acontece? Meus empregados vão para rua. É uma preocupação legítima. Nós, há alguns anos, temos trabalhado com os argentinos no que nós chamamos de Comissão de Monitoramento do Comércio. Começamos a trabalhar com um mecanismo de verificação do comércio que pudesse ser um pouco mais profundo do que essa Comissão de Monitoramento. É uma negociação em andamento. Não há conclusão ainda, qualquer declaração agora seria prematura. Achamos que um mecanismo para operar corretamente deve funcionar tanto para o Brasil como para a Argentina, porque o comércio pode oscilar. Esse é o conceito básico por trás da negociação. Tínhamos interesse de terminá-la até o dia 30 de novembro, mas como não houve acordo, o assunto talvez não seja tratado em Puerto Iguazu.

O embaixador também falou sobre a Cúpula de Puerto Iguazu.

- Na área nuclear, há dois protocolos. Há um documento na área de defesa para a produção de um veículo militar leve. Há, na área de educação, o entendimento para o ensino de português e espanhol nas cidades de fronteira. Trabalhamos no sentido de fazer um acordo no Mercosul para residência, cuja ratificação foi atrasada por Uruguai e Paraguai. Nós temos a idéia de transformar isso em um acordo bilateral antes do acordo do Mercosul. Há também entendimento na área espacial e outros acordos que estão em fase final de elaboração e que nós esperamos possam ser assinados na Cúpula de Puerto Iguazu.

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