As equipes que trabalham no resgate das vítimas do acidente de avião do presidente nacional do PTB, deputado federal José Carlos Martinez, ocorrido no último sábado entre os morros do Rolando e do Agudinho, próximo ao município de Guaratuba, no Paraná, localizaram três dos quatro corpos. Eles ainda não foram identificados nem removidos. O resgate dever ser retomado nesta terça-feira, depois que o tempo melhorar.
O Comando Militar da Aeronáutica informou que quatro dos 14 homens que estão trabalhando no resgate das vítimas do acidente passaram a noite no local. Eles levaram pás, enxadas e um gerador de energia já prevendo que o trabalho se estenderia por toda a noite. Apesar disso, os trabalhos foram interrompidos à noite.
Além do deputado, morreram no acidente o piloto Cláudio Luz e os empresários André Surugi e João Luiz Goebel. Eles seguiam de Curitiba para Navegantes, em Santa Catarina.
Se as condições de tempo forem favoráveis, a previsão é de que as quatro vítimas sejam resgatadas até esta tarde. Uma das principais dificuldades está sendo retirar parte do avião que ficou enterrada.
A equipe do Esquadrão Aerotático de Salvamento da Força Aérea Brasileira (FAB) está trabalhando na Serra do Mar. Somente no início da tarde os helicópteros da FAB conseguiram chegar ao local.
A equipe de salvamento desceu por rapel até a área do acidente. As comunicações para o local só são possíveis por rádio. A retirada dos corpos também deve ser feita por rapel, com a utilização de helicópteros.
Aeronáutica: mudança de rota pode ter sido fatal
Ontem, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica divulgou uma nota afirmando que "o fato de o piloto ter alterado sua trajetória de vôo, sem serviço de controle radar e sem comunicação rádio, em condições de mau tempo na área, inegavelmente, poderá ter representado uma diminuição dos níveis de segurança do vôo". Segundo familiares de Martinez, o piloto Cláudio Luz era experiente.
A Aeronáutica disse que o monomotor havia decolado com plano de vôo de Curitiba direto para Navegandes, em Santa Catarina. No entanto, após decolar, o piloto teria informado o controle de Curitiba que, para evitar o mau tempo, ele sobrevoaria a "proa de Paranaguá". Depois, teria avisado que "iria baixar em condições de vôo visuais e prosseguir, via litoral, para o aeroporto de Navegantes".
O Centro de Comunicação da Aeronáutica teria alertado, pelo controle de Curitiba, que ao descer de nível de vôo naquele setor, o avião estaria saindo da cobertura radar e de comunicações daquele órgão de controle e orientou-o para chamar a torre de controle de Joinville".
Família aguarda notícias
A demora no resgate, que já dura quase 60 horas, aumenta ainda mais a angústia da família e amigos que, durante todo o dia de ontem, lotaram a casa do parlamentar, em Curitiba.
O irmão do deputado, Flávio Martinez, disse que o acidente foi uma fatalidade, destacando que o piloto era experiente, a aeronave estava em ordem e o trajeto era curto, de Curitiba até o litoral de Santa Catarina, portanto "foi Deus que quis resgatá-los neste momento". Este foi o primeiro vôo com passageiros do avião depois que ele foi comprado por Martinez.
Investigações
O Departamento de Aviação Civil (DAC) vai aguardar a retirada dos corpos para dar início às investigações sobres as causas do acidente. O DAC deverá levar, pelo menos, 90 dias para concluir os trabalhos.
A investigação vai estudar os destroços da aeronave, a posição do radar e as condições meteorológicas no momento que aconteceu o acidente. Um dos objetivos é descobrir se ocorreu uma falha mecânica ou humana.
O deputado José Carlos Martinez nasceu em São Paulo, tinha 55 anos e quatro filhos. Exercia o quarto mandato pelo Estado do Paraná. Recentemente, ocupava a presidência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No último ano, esteve à frente da campanha do candidato Ciro Gomes, atual ministro da Integraç