Kadima perde espaço e deve precisar de coalisão para governar

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Publicado Segunda, 27 de Março de 2006 às 09:14, por: CdB

O partido Kadima (centro), que defende a retirada de partes ocupadas da Cisjordânia, parecia caminhar para a vitória nas eleições desta terça-feira em Israel, revelaram as últimas pesquisas de opinião publicadas antes da votação. Mas, com um desempenho aparentemente mais fraco que o inicialmente previsto, a legenda pode ter dificuldades para formar uma coalizão de governo estável e capaz de implementar seu plano de fixar as fronteiras definitivas do país com o desmantelamento de alguns assentamentos e a manutenção das grandes colônias.

Pesquisas de opinião publicadas pelos jornais Yedioth Ahronoth e Maariv nesta segunda-feira davam ao Kadima 34 cadeiras no Parlamento de 120 integrantes, uma queda acentuada se comparada com as 44 cadeiras previstas antes. O resultado também significa que o primeiro-ministro interino do país e líder do Kadima, Ehud Olmert, não conseguirá atingir sua meta de eleger uma bancada com mais de 40 deputados, algo considerado necessário para formar um governo estável e implementar suas políticas ambiciosas.

O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, e o partido Likud, de direita, aparecem bastante atrás do Kadima. Os trabalhistas conseguiriam algo entre 17 e 21 cadeiras e o Likud, entre 13 ou 14, apontaram as pesquisas de opinião. O Kadima perdeu popularidade depois de Olmert ter substituído no poder o premiê Ariel Sharon, em coma desde janeiro, quando sofreu um derrame cerebral.

Para Olmert, a eleição seria um plebiscito nacional sobre seu plano de "consolidação", uma proposta de desocupar dezenas de assentamentos menores da Cisjordânia e consolidar o controle sobre os grandes enclaves se os esforços de paz não avançarem. O plano, segundo o dirigente, ajudaria "a preservar Israel como um Estado judaico com uma maioria judaica estável separada dos palestinos".

Para os palestinos, tais medidas os impediriam de fundar um Estado viável na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e significariam a anexação de territórios.

Coalizão

O desempenho nas urnas mais fraco do que o esperado pode significar que o Kadima terá de se aliar com ao menos três outros partidos para formar uma coalizão mista que pode seguir o exemplo dos quatro governos anteriores de Israel e ruir antes do final de seu mandato.

- A fim de que o governo funcione normalmente, é necessário que o Kadima e seu eventual parceiro, que hoje parecem ser os trabalhistas, estejam perto de uma maioria. Mas se o Kadima e o Partido Trabalhista ficarem a dez deputados de uma maioria, então os dois terão de formar uma coalizão de governo com outros parceiros e é aí que vai haver problemas - afirmou o analista de política Rueven Hazan.

A votação de terça-feira será a quinta de Israel em uma década.

Os responsáveis pelas pesquisas tentavam prever o número de indecisos e o comparecimento às urnas em meio a teorias de que a apatia do eleitorado poderia prejudicar o Kadima. Os dois fatores, disseram, são cruciais para determinar os resultados eleitorais, mas não devem impedir o Kadima de vencer. Segundo o jornal Haaretz, até 28 cadeiras seriam escolhidas pelos eleitores indecisos. Muitos acreditam que essas cadeiras seriam divididas entre o Kadima e o Partido Trabalhista.

"Não se pode descartar a possibilidade de que (devido aos eleitores indecisos) o resultado final das eleições seja diferente, talvez muito diferente, do previsto pelas pesquisas", escreveu um colunista no Haaretz.

A surpresa do pleito deve ser o partido Yisrael Beitenu, liberado pelo ultranacionalista Avigdor Lieberman, nascido na Rússia. A legenda dele disputa com o Likud o terceiro lugar nas eleições, mostravam pesquisas.

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