Iraque investiga o uso de armas incendiária pelos EUA

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Publicado Quarta, 16 de Novembro de 2005 às 14:29, por: CdB

O governo do Iraque mandou uma equipe de investigadores à cidade de Falluja (centro-norte do país) depois que os Estados Unidos admitiram ter usado armas incendiárias, a base de fósforo branco, contra rebeldes na cidade há um ano.
A ministra em exercício de Direitos Humanos do Iraque, Narmin Uthman, disse que determinou a uma equipe que examine os possíveis efeitos dessas armas sobre civis.

O uso de fósforo branco não é ilegal e o produto não é classificado como arma química, mas a substância pode causar queimaduras e seu uso é polêmico.

O especialista em Defesa da BBC Frank Gardner diz que a revelação é negativa para o trabalho de relações públicas dos militares americanos.

O ministro da Defesa britânico, John Reid, também admitiu que soldados britânicos no Iraque usaram as armas incendiárias, mas apenas para criar nuvens de fumaça e nunca contra civis.

O Ministério da Defesa britânico afirmou que o uso destas armas é permitido desde que não existam civis próximos da área alvo.

As autoridades americanas também haviam dito anteriormente que as armas incendiárias tinham sido usadas no Iraque somente para iluminação ou para criar nuvens de fumaça em batalhas.

Entretanto, um porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Barry Venable, confirmou à BBC que os Estados Unidos usaram a "arma incendiária contra combatentes inimigos", mas também, como dizem os britânicos, sem ter como alvo civis.

O jornalista americano Darrin Mortenson, que estava junto com os fuzileiros americanos durante a operação em Falluja, em novembro de 2004, disse à BBC que viu o uso de armas incendiárias contra rebeldes.

No entanto, ele afirma que "nunca viu ninguém intencionalmente usar qualquer arma contra civis".

O canal de televisão italiano RAI informou na semana passada que os Estados Unidos tinham usado as armas incendiárias em áreas com residências e atingido civis, o que levou ativistas italianos a protestarem em frente à embaixada americana em Roma.

Ainda nesta quarta-feira, o maior partido sunita do Iraque, o Partido Islâmico Iraquiano, pediu a instalação de um inquérito internacional sobre os supostos maus-tratos de 173 presos por tropas iraquiana em Bagdá.

O Partido Islâmico Iraquiano diz que as investigações lideradas por iraquianos de casos anteriores de supostos abusos não produziram resultados.

Já o primeiro-ministro do Iraque, Ibrahim Jaafari, determinou na terça-feira que fosse aberto inquérito para apurar os supostos abusos contra prisioneiros.

Mas o porta-voz do Partido Islâmico Iraquiano, Iyad Al-Samarrai, disse que somente uma investigação internacional chegaria ao fundo dos alegados maus-tratos.

Alaa Makki, outro porta-voz do partido, acusou as forças lideradas pelos Estados Unidos de dar "luz verde" aos supostos abusos.

Os Estados Unidos estão apoiando o inquérito do governo do Iraque e dizem que aqueles responsáveis pelos maus-tratos devem ser responsabilizados.

O caso foi descoberto durante uma operação dos Estados Unidos em um prédio do Ministério do Interior na capital iraquiana, Bagdá, em que foram encontrados no domingo os prisioneiros, alguns parecendo desnutridos ou que teriam, aparentemente, sido submetidos a tortura.

Washington diz que o suposto abuso é preocupante e que não pratica tortura nem acredita que outros deveriam fazê-lo.

 

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