Iraque desafia EUA e Grã-Bretanha a refutar declaração

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Publicado Domingo, 08 de Dezembro de 2002 às 21:47, por: CdB

O Iraque desafiou neste domingo os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a refutar sua volumosa declaração sobre armas, afirmando que as quase 12 mil páginas do relatório são acuradas, como os dois países "haviam pedido". "Se eles têm alguma coisa que mostra o contrário, que a apresentem; apresentem-na à Aiea, apresentem-na à Unmovic", disse o general Amir al-Saadi, o principal assessor científico do governo iraquiano, referindo-se às agências das Nações Unidas que realizam inspeções de armas. "Eles estão aqui. Eles podem verificar", acrescentou. "Por que fazer esse jogo?" Al-Saadi, que concedeu entrevista coletiva em Bagdad, disse que a declaração não tem provas adicionais de que o Iraque desmantelou seus programas de armas, mas a classificou de completa, atual e acurada. Pela manhã, inspetores da ONU visitaram uma fábrica de pesticida localizada perto da cidade de Fallujah, a 120 quilômetros a noroeste de Bagdad, em busca de provas sobre a existência de armas de destruição em massa. Simultaneamente, a declaração iraquiana deixava a capital com destino a Viena e Nova York, sedes, respectivamente, da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e da ONU, a fim de ser analisada por especialistas. Pouco após chegarem à fabrica de pesticidas, os inspetores solicitaram um guindaste e foram vistos usando roupas de proteção. Outra equipe de inspetores dirigiu-se para um local não revelado. O Iraque entregou sua declaração aos inspetores da ONU em Bagdad, no sábado, um dia antes do prazo estabelecido pela resolução 1.441 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Hossam Amin, chefe da agência iraquiana que lida com os inspetores, disse que o relatório prova que o país não possui armas de destruição em massa. Ceticismo nos EUA Autoridades dos serviços de inteligência norte-americanos expressaram profundo ceticismo sobre a declaração iraquiana, afirmando que os Estados Unidos possuem "provas claras" de que o Iraque dispõe de um extenso programa de armas. Autoridades norte-americanas declararam não acreditar que esse programa esteja honesta e completamente descrito no relatório. "Será o maior choque da minha vida se os iraquianos estiverem falando a verdade" nesses documentos, disse uma autoridade. Washington e Londres garantem não haver dúvida de que o Iraque possui armas de destruição em massa. Autoridades de inteligência norte-americanas asseguram ter evidências de que, nos últimos meses, cientistas iraquianos adotaram amplas medidas para ocultar instalações químicas e biológicas, e que cientistas nucleares também estiveram ativos. Os Estados Unidos estão ansiosos para comparar a declaração do Iraque com os dados sobre os arsenais iraquianos levantados por seu serviço de inteligência. "O governo norte-americano analisará essa declaração. Nós continuaremos a trabalhar com outros países para atingir o objetivo último de proteger a paz pelo encerramento dos esforços de Saddam Hussein de buscar e acumular armas de destruição em massa", afirma uma nota divulgada pela Casa Branca, no sábado. Se os especialistas da ONU e da Aiea concluírem que a declaração contém informações falsas ou não cita dados pertinentes, isso pode constituir uma "violação material" da resolução 1.441.

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