Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad repetiu na quinta-feira o desejo do seu país de negociar a respeito do impasse nuclear com as potências ocidentais, mas disse que os iranianos não abririam mão de seu direito de dominar o ciclo de produção de combustíveis atômicos. O caso do país foi reenviado para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e o Irã depara-se agora com a possibilidade de sofrer sanções por não cumprir a exigência de suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
Segundo potências ocidentais, o país islâmico usaria tal programa para desenvolver bombas atômicas. O Irã nega.
- Nossa nação não deseja nem um fio de cabelo a mais do que lhe conferem seus direitos - afirmou o presidente em um discurso transmitido pela TV e proferido em um comício na cidade de Islamshahr, perto da capital do país, Teerã.
Ahmadinejad acrescentou que o Irã desejava dominar a tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos.
- Nossa nação é favorável às conversações e às negociações, mas o mundo deveria saber que a nação iraniana não retrocederá nem um milímetro a respeito de seus direitos - disse o presidente.
Diplomatas de potências ocidentais afirmam que o Irã deseja as negociações não para chegar a um acordo, mas para prorrogá-las indefinidamente, evitando ser obrigado a adotar qualquer medida. Segundo esses diplomatas, a França, a Grã-Bretanha e a Alemanha pretendem apresentar um projeto de resolução ao Conselho de Segurança, ainda nesta semana, prevendo a imposição de sanções. Não foram divulgados mais detalhes.
Entre as medidas sugeridas estão proibir as viagens de autoridades, diplomatas e cientistas iranianos, congelar os bens de pessoas e empresas de nacionalidade iraniana e impor um embargo sobre a venda de itens que podem ser usados nos programas nuclear e de mísseis do país. O principal negociador do Irã para a questão atômica, Ali Larijani, disse que o país irá retaliar, provavelmente suspendendo as inspeções internacionais em seu setor nuclear, se a ONU impuser sanções.
Congressistas iranianos dizem que estudam um projeto de lei que obrigará o governo a interromper as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável por realizar as verificações rotineiras nas instalações iranianas, caso sejam adotadas medidas punitivas. Em seu discurso de quinta-feira, Ahmadinejad não fez uma ameaça do tipo. O presidente disse apenas que o Irã vinha cooperando com a AIEA.
A agência afirmou que ainda precisa de mais informações do Irã sobre seu programa nuclear antes de atestar que o país não tem planos de desenvolver bombas nucleares. Ahmadinejad não é a mais alta autoridade da República Islâmica. A palavra final em questões de Estado cabe ao líder supremo aiatolá Ali Khamenei, mas este também já afirmou que o país continuará com seu programa nuclear.