Internos da Febem se rebelam em Pirituba

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Publicado Segunda, 24 de Janeiro de 2005 às 18:52, por: CdB

Adolescentes se rebelaram nessa segunda-feira na unidade da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) de Pirituba, na zona oeste de São Paulo, fizeram quatro funcionários reféns e queimaram, inclusive, instrumentos musicais doados pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes. A direção da Febem atribuiu o motim a uma tentativa de impedir a permanência na unidade de três internos do seguro (jurados de morte) recém-chegados dos Complexos Tatuapé e Raposo Tavares, mas prometeu investigar as causas da rebelião - a quinta do ano na Febem e a primeira já registrada em Pirituba desde sua inauguração, em janeiro de 2002.

Segundo o coronel Roberto Allegretti, assessor da presidência e diretor de segurança da Febem, a unidade possui "ótimos índices de reeducação e reinserção social" e é considerada modelo na Febem.

- Para nós as causas desse motim estão indefinidas e precisamos apurá-las.- Ele não quis comentar porém, se suspeita que os internos foram insuflados a se rebelar por funcionários.

Os reféns disseram que o motim começou às 11h30, quando eles tentavam separar uma briga entre os internos e foram dominados. Apesar de a instituição ter afirmado que não houve feridos no motim, os funcionários saíram da unidade às 14h17 de hoje, com arranhões e hematomas nas costas, pescoço e pernas.

Trinta internos do prédio 1 aderiram ao movimento. Eles fizeram uma barricada com colchões, cadeiras, geladeira e os instrumentos musicais na frente do portão para impedir a entrada de outros funcionários e de agentes da equipe interna de contenção, o Choquinho. Os instrumentos tinham sido doados por Ermírio para a orquestra da Febem e eram utilizados nas apresentações que os internos faziam fora da unidade.

Allegretti acredita que os internos iniciaram o movimento com a intenção de fazer apenas um protesto, mas a manifestação saiu do controle.

- Daí entregaram uma pauta de reivindicação insignificante, que eu chamaria até de ingênua. Eles exigem gel para o cabelo, creme para a pele, escova de dente. São produtos que eles sabem que não vão receber por questões de segurança - afirmou.

O clima na Febem está tenso desde que a direção da fundação iniciou uma ofensiva contra funcionários acusados de tortura. O governo do Estado de São Paulo denunciou há duas semanas que funcionários incitaram menores a se rebelar no Complexo do Tatuapé, onde, apenas no sábado (22), houve dois conflitos entre internos.

O promotor Alfonso Presti deverá denunciar nessa terça-feira, 52 funcionários da Febem por crime de tortura, sendo 32 por conduta ativa e 20 por terem se omitido e deixado de impedir maus-tratos a menores. Dos indiciados, 27 estão com prisão preventiva decretada desde sexta-feira. Dezesseis estão presos e 11 continuam foragidos.

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