Índios Krenak fecham a ferrovia Vitória-Minas em sinal de protesto

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Publicado Sexta, 02 de Dezembro de 2005 às 09:35, por: CdB

Um protesto dos índios Krenak paralisou na quinta-feira o transporte de trens de carga e de passageiros da Companhia Vale do Rio Doce entre Belo Horizonte e Vitória. Apoiados por companheiros das tribos Maxacalís, Pataxó e Guarani, de outras regiões, cerca de 300 Krenak, com pinturas de guerra, invadiram a linha férrea em Resplendor, a 445 de Belo Horizonte, às 6h e colocaram toras de madeira nos trilhos, impedindo o avanço das composições na ferrovia Vitória-Minas.

Segundo informações do site Uai, devido ao protesto, a Vale do Rio Doce decidiu interromper tráfego de minério de ferro e cancelou os trens de passageiros que sairiam hoje de Belo Horizonte e Vitória.

Na quinta, cerca de 100 ônibus foram alugados para levar passageiros que chegavam a Resplendor com destino às duas capitais.

No início da noite, a Justiça Federal acatou pedido de liminar da empresa e determinou a imediata retirada dos invasores.

Os índios decidiram paralisar a ferrovia em protesto contra o que eles chamam de '100 anos de exploração da Vale do Rio Doce', sem que nenhum benefício seja repassado à tribo.

Eles querem que a reserva Sete Salões, transformada em Área de Preservação Ambiental, seja mantida por eles e não pelas prefeituras.

Os indígenas reclamam também da Companhia Hidrelétrica de Aimorés (CBH-Aimorés), alegando que, com o enchimento do lago de usina, em construção no município, vão ser prejudicados com a redução da pesca, uma de suas formas de subsistência.

Segundo a Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica de Aimorés, os índios exigem uma indenização de R$ 30 milhões.

Funcionários da Funai, da Vale do Rio Doce e a CBH-Aimorés estiveram na quinta no local, mas até o final do dia não conseguiram chegar a um acordo com os índios, que insistiam com a manifestação.

A Associação Indígenas Krenak divulgou nota, exigindo que a Funai crie imediatamente um grupo técnico para identificar a reserva Sete Salões como terra indígena.

Também exige que o consórcio da usina hidrelétrica de Aimorés retome imediatamente o diálogo com a comunidade com o objetivo de definir as compensações e indenizações.

À CVRD a entidade pede entendimentos com a comunidade para avaliar os impactos causados pela ferrovia.

Em nota, a CBH-Aimorés informa que, desde o início da construção da hidrelétrica, foram mantidos contatos com os índios.

''Infelizmente a postura adotada pelos representantes de reivindicar uma indenização de R$ 30 milhões, o que daria R$ 120 mil para cada um dos 250 índios Krenak que vivem na reserva, é inviável'', afirma a nota, que considera a invasão ''uma atitude criminosa''.

No início da noite, em nota, a Companhia Vale do Rio Doce informou ter entrado com ação de reintegração de posse na 15ª Vala Federal de Belo Horizonte, tendo obtido decisão liminar favorável, determinando a imediata desocupação da área.

Segundo a Vale, a polícia já foi notificada a proceder a retirada dos invasores.

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