Índia cria cotas de vagas nas universidades

Arquivado em:
Publicado Quarta, 24 de Maio de 2006 às 07:56, por: CdB

O Governo da Índia reservará 50% das vagas da universidade às classes e castas mais desfavorecidas, apesar dos protestos de estudantes e médicos em todo o país. Segundo o polêmico plano do Governo, que foi aprovado no final da noite de terça-feira, a metade das vagas universitárias serão destinadas aos "dalits" e a outras pessoas pertencentes a castas e classes mais prejudicadas.

De acordo com membros do Gabinete presidencial, a medida será apresentada no Parlamento no início do novo período de sessões, em dois meses, e entrará em vigor em junho de 2007.

Atualmente, 22,5% das vagas universitárias estão reservadas para a população tribal e para os "dalits", também conhecidos como "intocáveis", a casta mais baixa da rígida estrutura social indiana.

Mas, de acordo com o novo plano, serão destinados outros 27% para os demais grupos que dificilmente têm acesso à educação superior.

Esta medida provocou fortes protestos entre a comunidade universitária, sobretudo nas faculdades de Medicina, cujos estudantes realizam protestos e até greves de fome desde o mês passado.

Os médicos também aderiram aos protestos dos estudantes e a greve nos hospitais afetou os serviços de saúde em grande parte das cidades indianas durante as duas últimas semanas.

A Associação Médica de Délhi convocou uma greve para esta quinta-feira e uma manifestação para o próximo dia 28. Já os estudantes, que estão em greve de fome há dez dias no maior hospital da capital indiana, anunciaram que continuarão sem ingerir alimentos.

Vários estudantes do estado de Gujarat, no norte do país, também advertiram que começarão uma greve de fome.

Para acalmar os ânimos, o Governo prometeu aumentar o número de vagas nas universidades e afirmou que, para isso, convocará os professores aposentados para voltarem às salas de aula.

Porém, nem todos são contrários às cotas universitárias. O Governo do estado de Tamil Nadu, no sul do país, apresentou uma resolução de apoio a esta medida na assembléia legislativa do estado.

O governador da região explicou que reservará vagas para as minorias religiosas, como cristãos e muçulmanos, nas instituições educativas do estado e no funcionalismo público.

Os defensores das cotas argumentam que a medida é válida porque é quase impossível alguém de uma classe social mais baixa progredir, por causa do sistema de castas, que é proibido por lei, mas que continua em vigor na Índia.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo