Greve dos policiais completa 24 horas e deve durar cinco dias

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Publicado Segunda, 27 de Março de 2006 às 18:52, por: CdB

Os policiais civis do Estado do Rio de Janeiro completam, nesta quarta-feira, as primeiras 24 horas da greve que tem previsão para durar cinco dias. Os grevistas pretendem manter todas as delegacias funcionando, mas somente 30% do efetivo deve trabalhar para garantir o atendimento dos serviços considerados de emergência - como flagrantes e liberação de guias para remoção de cadáver.

A categoria reivindica a incorporação de uma gratificação destinada a servidores da Secretaria de Segurança Pública do estado, que já é recebida por policiais militares, bombeiros e delegados da Polícia Civil. De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Fernando Bandeira, a gratificação pode significar um aumento de mais de 50% nos salários, dependendo da função.

A gratificação foi criada no ano de 2000, suspensa em 2001 para os policiais civis e recuperada depois somente pelos delegados da Polícia Civil. Segundo Fernando Bandeira, a lei que autoriza o poder executivo a restabelecer a gratificação para todos os agentes da Polícia Civil já foi aprovada na Assembléia Legislativa, mas depende do aval da governadora do Rio, Rosinha Matheus.

Segundo o presidente do Sindicato, o Rio de Janeiro tem um dos piores salários de policiais civis do país e para suprir a baixa remuneração, grande parte dos profissionais opta por ter um trabalho extra. Para ele, a situação é responsável pelas 24 mortes de policiais registradas no ano passado em serviços fora da corporação. Os policiais também questionam o que seria uma discrepância salarial entre as polícias civis e militares.

- Hoje um inspetor da Polícia Civil, com nível superior e tarefas complexas, recebe o mesmo que um soldado da Polícia Militar - disse.

Além dos baixos salários, o movimento dos policiais também reclama que o efetivo de policiais civis do Rio de Janeiro, cerca de 10,5 mil inspetores, investigadores, oficiais de cartório, médicos e peritos, é menor do que a metade dos 23,5 agentes que são previstos em lei para atuar na área. Para Fernando Bandeira a população é a maior prejudicada com a situação, pois com a falta de investigadores, os inquéritos não são concluídos, muitos crimes prescrevem e a justiça não consegue responsabilizar os criminosos.

- O percentual de inquéritos que não são concluídos é de cerca 80 a 90% - estimou Bandeira que considera a situação atual de impunidade, um estímulo à a prática criminosa. As informações do presidente do sindicato vão ao encontro dos dados divulgados pelo Anuário Estatístico de 2005 divulgado pela Justiça do estado do Rio de Janeiro. O documento aponta a ociosidade das varas criminais da capital que recebem, em média, apenas 12 processos por mês, frutos de investigação policial. Nas varas cíveis, por exemplo, a média de entrada de processos é de 84 por mês.

Na semana passada os policiais já haviam feito uma paralisação de 48 horas, quando realizaram uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Sem obter resposta do governo do estado, o sindicato resolveu intensificar o movimento. A assessoria de comunicação da Chefia da Polícia Civil não comentou as reivindicações dos policiais, mas admitiu que o efetivo não atende, desde há muito tempo, o número previsto pela legislação. Ainda assim, toda a demanda que chega às delegacias estaria sendo atendida e haveria um reforço de 250 novos investigadores programado para este ano.

Em relação ao movimento de greve, a assessoria garantiu que a corregedoria da Polícia Civil vai fiscalizar com rigor a presença de 30% dos policiais em serviço nas delegacias, e, caso isso não aconteça, os agentes faltosos serão punidos. A categoria realiza nova assembléia na próxima sexta-feira, para discutir a continuidade da greve.

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