O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), candidato oficial do PT à presidência da Câmara, disse nesta terça-feira que ainda espera contar com os votos do grupo ligado ao ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) na eleição do dia 14. E ironizou o ressurgimento do escândalo Lubeca nesta semana.
- Se se decide no STF que naquela altura não houve ilícito, por que 15 anos depois o caso reaparece? Só por que sou candidato a presidente da Câmara? - questionou Greenhalgh a jornalistas após encontro com 25 deputados no Rio.
- Há uma luta política aí, sobre esse assunto vou querer falar depois das eleições.
Na segunda-feira, o jornal Folha de S.Paulo trouxe trechos de uma conversa telefônica em que Greenhalgh é acusado de envolvimento com um suposto esquema de pagamento de propina por uma empresa. O caso ocorreu quando o deputado era vice-prefeito de São Paulo e a prefeita, Luiza Erundina, então no PT e hoje deputada federal pelo PSB.
O dinheiro seria utilizado na campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e, em troca, segundo o jornal, a incorporadora receberia a aprovação de um megaprojeto.
- Só falta aparecer um filho e uma conta minha no exterior - ironizou Greenhalgh.
Ao comentar declarações de Garotinho, Greenhalgh avaliou que "ele está antecipando o processo sucessório à Presidência da República". O deputado procurou mostrar otimismo quanto à possibilidade de reverter o apoio declarado do secretário de Governo do Estado do Rio ao deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), candidato avulso na Câmara.
- Eu acho que, chegando mais ao final, poderemos ainda recuperar o voto do coração dele e dos deputados que o apóiam e seguem a sua orientação política.
Mais cedo, Garotinho havia descartado uma vez mais apoiá-lo, justificando sua escolha pelo fato de o deputado ser o candidato de "um governo que hostiliza o Rio de Janeiro".
- Impossível que o nosso grupo político venha a apoiá-lo pelo patrocínio que a sua candidatura tem, que é o patrocínio do senhor José Dirceu (ministro-chefe da Casa Civil), que intrigou o Estado do Rio com o presidente Lula e provocou esse desprezo que o governo federal tem com o Rio - disse Garotinho.
O secretário prometeu conseguir 30 votos para a candidatura de Virgílio.
- Nada contra o Greenhalgh, uma pessoa que nós reconhecemos ser de boa índole e um homem sério, mas também é um homem sério o deputado Virgílio Guimarães, que teve conosco um comportamento decente na reforma tributária - acrescentou. Virgílio foi o relator da reforma na Câmara.
Greenhalgh defendeu a redução do número de medidas provisórias editadas pelo governo e disse que, se for eleito, adotará uma espécie de Câmara itinerante: levar os deputados aos locais afetados pelos projetos em discussão, como no caso da transposição das águas do rio São Francisco.