Governo paraguaio busca diálogo para evitar isolamento
ASSUNÇÃO, 24 Jun (Reuters) - O novo chanceler designado do Paraguai, José Félix Fernández Estigarribia, disse neste domingo que buscará dialogar com seus colegas sul-americanos para distender as relações após os duros questionamentos de Argentina, Brasil e Uruguai por conta da destituição do presidente Fernando Lugo em um breve julgamento político.
A Argentina disse na noite de sábado que determinou a retirada de seu embaixador em Assunção por conta da ruptura democrática causada pelo impeachment de Lugo. Brasil e Uruguai, que assim como a Argentina são sócios do Paraguai no Mercosul, chamaram seus embaixadores para consultas.
"Vamos seguir fazendo os esforços possíveis para dialogar. Para nós é importante a relação com Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, a região... Vamos seguir trabalhando nesse sentido. Vamos encontrar os pontos de contato", disse Estigarribia, designado chanceler pelo novo presidente do Paraguai, o liberal Federico Franco.
"É obrigatório encontrar uma solução, e a vamos encontrar no diálogo", assegurou em entrevista coletiva.
Estigarribia disse que comparecerá à província argentina de Mendoza na quarta-feira para representar seu país na cúpula do Mercosul e explicar a seus sócios no bloco a situação política paraguaia.
"No momento, irei ao Mercosul", disse o chanceler quando questionado se tinha planos de comparecer à reunião do bloco. Ele argumentou que não precisa de um convite para participar do encontro, pois o Paraguai é um "país-membro, membro pleno" do grupo.
Ele também avaliou como positivo a decisão de Brasil e Uruguai de chamar seus embaixadores para consultas, pois considera que os diplomatas poderão explicar a seus governos a "real situação política no Paraguai".
No caso da retirada do embaixador argentino, Estigarribia garantiu que a Argentina não tem representante em Assunção com cargo de embaixador há meses, o que foi confirmado por Franco.
"Não podem retirar o que não existe", disse Estigarribia.
Canadá, Espanha, Alemanha e o Vaticano reconheceram o novo governo paraguaio sob o argumento de que Lugo aceitou a decisão do Congresso de retirá-lo do poder. Na noite de sábado, Franco disse que pediria que Lugo ajudasse a diminuir as tensões regionais.
(Reportagem de Daniela Desantis e Guido Nejamkis)
Reuters