Governo faz suspense sobre a nova equipe econômica

Arquivado em:
Publicado Segunda, 30 de Outubro de 2006 às 08:52, por: CdB

A composição da equipe econômica garante clima de suspense no mercado financeiro, depois de confirmada a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar do discurso desenvolvimentista, economistas não apostam em uma guinada radical da política econômica no novo mandato.

- No curto prazo o que tem é expectativa se vai haver mudanças significativas na área econômica, e eu acho que não vai acontecer. As taxas de juros reais estão tão altas ainda, olhando o resto do mundo, que isso também facilita uma certa acomodação (do mercado financeiro), isso segura um pouco a volatilidade - disse a jornalistas o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, contando com a manutenção de pilares como câmbio flutuante e metas fiscais.

O economista concorda que o país precisa de juros menores para crescer, como apregoam membros do governo, mas destaca que isso tem de ser acompanhado de disciplina fiscal.

- Como as reformas (estruturais) são mais lentas, o que o governo tem que fazer logo é colocar um freio nos gastos correntes. O BC não pode segurar pela taxa de juros os desmandos de outras áreas do governo - até para abrir espaço para um Banco Central mais flexível, acrescentou.

O presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Moraes, também acredita em manutenção da estabilidade, mesmo após comentários como o de "fim da era Palocci", cunhado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

- A era Palocci está mais ligada àquela época de preocupação excessiva com estabilização, e agora a gente tem que manter a estabilização... não acho que vá se sacrificar isso. O presidente Lula mostrou o tempo todo que... não é uma pessoa de aventuras. O grande desafio que se coloca agora é o do crescimento - disse Moraes.

Política fiscal

No primeiro pronunciamento após a reeleição, Lula prometeu manter "uma política fiscal dura", apesar da afirmação de que dará preferência aos mais pobres.

- Reivindiquem tudo o que quiserem, daremos apenas aquilo que a responsabilidade permitir - afirmou, olhando para dirigentes sindicais presentes ao evento em um hotel em São Paulo.

É esse tipo de sinal, de crescimento sem afetar o equilíbrio fiscal, que o mercado vê com bons olhos.

- Aumento de gastos é algo que preocupa bastante. Mas o próprio Mantega andou falando em redutor dos gastos (em relação ao PIB). (O compromisso) está muito nebuloso ainda. Primeiro, temos que saber quem serão as pessoas da equipe econômica e, depois, qual é o discurso oficial - lembrou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, referindo-se à idéia de adotar um mecanismo de redução dos gastos em proporção ao Produto Interno Bruto.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Claudio Vaz, reiterou que a expectativa é de uma política mais ativa para o crescimento no segundo mandato de Lula, mas também reconheceu o equilíbrio macroeconômico:

- Não se pode negar que os dados macroeconômicos do país estão em uma situação muito favorável... No primeiro mandato, as políticas de crescimento foram voltadas para crescer no vácuo do mundo; o mundo cresceu, o Brasil aproveitou, mas menos do que poderia.

Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a economia avançou apenas 0,5%. Em 2004, ano mais vigoroso do atual mandato, a expansão foi de 4,9%. No ano passado, nova desaceleração, para 2,3%.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo